No Jardim Zoológico, na Fundação Zoobotânica, foram implantados dez enxames de cinco espécies diferentes: mirim-droriana, bugia, marmelada-amarela, mandaçaia e jataí.
20-12-2024 às 09h27
Sérgio Moreira*
Preservar o meio ambiente é fundamental, as abelhas são insetos polinizadores, ou seja, são responsáveis por transferir o pólen entre as flores, promovendo a reprodução cruzada das plantas:
• As abelhas coletam o pólen das flores e o transportam até a colmeia, onde o depositam.
• O pólen é o gameta masculino da planta, e o transporte das abelhas enriquece-o com suas enzimas.
• A polinização é um processo fundamental para a reprodução das plantas e para a geração de frutos e sementes.
As abelhas são consideradas os principais agentes polinizadores, sendo responsáveis pela polinização de cerca de 85% das plantas com flores nas florestas e 70% das culturas agrícolas. Entre os alimentos polinizados pelas abelhas estão tomate, cacau, amêndoas, laranjas, abacate, couve, berinjela e café.
Estão funcionando os dois novos meliponários do projeto Poliniza BH, da Prefeitura de Belo Horizonte, dedicado à criação e preservação de espécies de abelhas sem ferrão. As novas instalações ficam na Fundação Zoobotânica (Jardim Zoológico), na Pampulha, e no Centro Municipal de Agroecologia e Educação Ambiental para Resíduos Orgânicos – CEMAR, no Estoril.
Os dois novos meliponários se juntam aos que já existiam (na Biofábrica do Parque das Mangabeiras, no CEA PROPAM e no Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG), aumentando a capacidade de atendimento e de preservação de espécies de abelhas sem ferrão.
No Jardim Zoológico, na Fundação Zoobotânica, foram implantados dez enxames de cinco espécies diferentes: mirim-droriana, bugia, marmelada-amarela, mandaçaia e jataí. A escolha dos locais onde as colônias foram instaladas no Zoológico seguiu a ideia de se proporcionar bem-estar às abelhas e, ao mesmo tempo, cumprir funções de storytelling (narração) e educação ambiental. Isso é importante para que se possa destacar, aos visitantes, características importantes de cada espécie, pois algumas delas têm relação com espécies de animais do zoológico. Essa é uma característica única desse meliponário, e que não existe em nenhum outro zoológico do mundo, até agora.
Por exemplo, a mirim-droriana mantém uma relação com as harpias, pois realizam a limpeza das narinas dessas aves de rapina, ajudando-as a manter a saúde. Já as bugias estão localizadas próximas ao recinto dos macacos bugios.
Já o meliponário do CEMAR, no Estoril, recebeu oito colônias de quatro espécies diferentes: duas de mirim-droriana, duas de mandaçaia, duas de marmelada-amarela e duas de jataí, que se juntaram a uma de jataí e outra de iraí que já estavam no local, totalizando dez enxames de cinco espécies.
O projeto Poliniza BH se dedica à criação e ao cultivo de abelhas sem ferrão, que são conhecidas como meliponas, abelhas nativas ou indígenas. Ao contrário das abelhas europeias ou africanizadas, essas espécies não apresentam um ferrão funcional para se defenderem. Dessa forma, é possível criá-las dentro das cidades, inclusive em sítios e residências.
No Brasil, há mais de 300 espécies de abelhas sem ferrão, que são responsáveis pela polinização de 90% das plantas nativas brasileiras. Mas o desmatamento, o avanço da urbanização para áreas de matas e a poluição colocaram diversas delas como ameaçadas de extinção. Daí a importância de projetos como o Poliniza BH, que, além de estimular a formação de novas colônias dessas espécies, também empregam atividades de educação ambiental para conscientizar as pessoas da importância de se preservar essas abelhas.
Atualmente, o Poliniza BH preserva 11 espécies de abelhas sem ferrão. Cada meliponário tem um número diferente de enxames e de espécies, mas todas são nativas de Minas Gerais: mirim-droriana (Plebeia droryana), mirim-preguiça (Friesella schrottkyi), mirim-luci (Plebeia lucii), bugia (Melipona mondury), guaraipo (Melipona bicolor), mandaçaia (Melipona quadrifasciata), marmelada-amarela (Frieseomelitta varia), jataí (Tetragonisca angustula), iraí (Nannotrigona testaceicornes), tubuna (Scaptotrigona bipunctata) e mocinha-preta (Frieseomelitta languida).
Uma das atividades de educação ambiental que ocorrem no projeto são as oficinas de iscas-pet, que ensinam os participantes a atrair as espécies de abelhas sem ferrão e iniciar a formação de enxames. Essas colônias poderão ser implantadas nas próprias residências dos participantes. A maior parte das oficinas acontece na Biofábrica do Parque das Mangabeiras. O CEA PROPAM também já realizou oficinas.
Desde o lançamento do projeto, em novembro de 2023, 155 pessoas participaram de seis oficinas.
As oficinas de iscas-pet retornam em janeiro. As inscrições podem ser feitas pelo e-mail polinizabh@pbh.gov.br
Existem os Meliponários do projeto Poliniza BH:
· Meliponário Biofábrica (Parque das Mangabeiras Maurício Campos – Rua Caraça, 900 – Serra)
· Meliponário CEA PROPAM (Rua Radialista Ubaldo Ferreira, 20 – Castelo)
· Meliponário Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG (Rua Gustavo da Silveira, 1.035 – Santa Inês)
· Meliponário CEMAR (Rua Nilo Antônio Gazire, 147 – Estoril)
· Meliponário Zoobotânica (Av. Otacílio Negrão de Lima, 8.000 – Pampulha)
Preserve o meio ambiente!