No seu menear de cabeça, no gestual e no sorriso aberto, a gaúcha Elis Regina irradiava a sua felicidade e a sinceridade naquilo que fazia. E como cantava!
24-11-2024 às 08h38
Bento Batista*
A música é uma grande invenção. Acho, ninguém tem dúvida quanto a isto. Não fosse a música, penso eu, a vida não seria tão atraente porque faltaria inventar as notas musicais na teoria e na prática.
Estava eu a ouvir hoje a composição de Tom Jobim, Águas de Março interpretada por Elis Regina, uma maravilha, tanto o poema quanto a interpretação dessa extraordinária cantora que nos deixou de uma maneira tão surpreendente, em 19 de janeiro de 1982.
A performance dela é como se estivesse colocando a alma na interpretação. No seu menear de cabeça, no gestual e no sorriso aberto irradiando a sua felicidade e a sinceridade naquilo que fazia.
É uma pena, hoje em dia, o que a gente ouve ao redor. Faz-nos ter saudade da música de verdade, o que bem denota a má qualidade do que compulsoriamente ouvimos.
Acho que tem muito a ver com a criação, com a educação, com a formação e ações do gênero para melhorar a qualidade do gosto musical da massa. E com isso, constato e não imponho um gosto musical. A questão é que a má qualidade salta aos olhos e aos ouvidos com tamanha evidência.
Digo isso porque a rigor, tecnicamente nada entendo de música. Mas a minha alma entende e sempre alerta faz logo a distinção de uma coisa da outra. Enxergo e ouço com os olhos e os ouvidos da alma, sensorialmente.
Há quem não entenda como os compositores das músicas clássicas puderam chegar aos nossos tempos com tamanha atualidade.
Tenho a impressão de que chegaram aos nossos dias devido a qualidade, a força e a magia da música considerada como chuva de notas dos anjos celestiais.
Sem querer duvidar da capacidade humana, mas duvidando, só anjos poderiam proporcionar a Humanidade a beleza das músicas de Bach, Beethoven, Mozart, Listz, Vivaldi dentre outros.
Mais próximo de nós, os já conhecidos, hoje velhinhos, como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Gal (falecida), Betânia, Raul Seixas e outros, não necessariamente nessa ordem.
Enquanto isso, lá fora predomina o “tum-tum” de algo que no máximo pode ser considerado som.