O futebol era uma atividade esportiva prazerosa e apreciada por todos, se podia divertir e “torcer” pela vitória do seu time do coração, e os jogadores tinham “amor à camisa”.
12-11-2024 às 09h:18
Alberto Sena*
Tenho atualmente netos, e os filhos meus, cada um em suas ocupações; se antes era só pai, já há alguns anos sou também avô e não levaria nenhum dos netos à Arena MRV, não por ser exclusiva do time Atlético Mineiro – se fosse do Cruzeiro seria a mesma coisa – porque partida de futebol tornou-se sinônimo de “guerra”. E não iria expor nenhum dos meus netos.
A palavra “arena” remonta aos tempos da antiga Roma. Era uma área central do circo, coberta de areia, onde os gladiadores combatiam, diante de uma plateia sedenta de sangue e um imperador dava o sinal de vida ou de morte.
Com o tempo, a palavra ganhou outros significados – “espaço multifuncional, circular ou oval, onde acontecem shows, competições esportivas, conferências”. Mas o estigma de arena, onde os gladiadores se matavam, permaneceu na palavra, e está compatível com a Arena MRV, onde os últimos acontecimentos bem comprovam aquilo que está vivo em cada um de nós. No cinema, quantos filmes de gladiadores foram vistos, e onde eles lutavam? Na arena.
O futebol, de uma atividade esportiva prazerosa e apreciada por todos, onde se podia divertir e “torcer” pela vitória do seu time do coração, os jogadores tinham, como se dizia na época, “amor à camisa”. Até quando o futebol foi um esporte e nas arquibancadas estavam os torcedores que aplaudiam ou vaiavam, as brigas eram raras.
Foi a partir de quando o futebol se profissionalizou que as coisas mudaram. Por algum tempo ainda vingou a expressão “por amor às camisa” e se deixar, a gente enumera os craques, aqueles que se tornaram campeões mundiais na Suécia: Castilho e Gilmar; Bellini, Mauro, Orlando, Zózimo; De Sordi, Djalma Santos, Nílton Santos, Oreco; Didi, Zito; Garrincha, Pelé, Vavá, Zagallo.
Atualmente, quem não tem memória volátil vai se recordar das várias ocorrências relacionadas ao futebol, que nem tão bom assim está por dentro, nos gramados e está provocando casos que nos levam a lembrar do estigma da palavra arena.
Torcidas contra torcidas. Uns matando os outros. Gente se deslocando de longe para assistir as partidas e morrendo nas estradas. O sentido do futebol está sendo desvirtuado tanto dentro como fora de campo.
E quem sairá perdendo se o ritmo continuar nessa direção? Primeiro o futebol, vai caindo como cartas empilhadas, em efeito dominó; os empresários do ramo; os torcedores fanáticos; a indústria e o comércio por aí vai.
Para o bem do futebol brasileiro, que ressente até hoje daquele placar de 7 a 1 para a Alemanha, alguém interessado em futebol deve fazer alguma coisa para humanizar o esporte.
O fotógrafo Nuremberg José Maria, de 67 anos de idade, foi atingido por uma bomba atirada de dentro da Arena, que lhe quebrou três dedos, rompeu tendões, teve um corte no pé, e precisou passar por cirurgia.
O Atlético promete dar toda assistência ao profissional, para que se recupere, afinal, ele estava em serviço.
É uma pena o que estão fazendo também com o futebol!
*Editor Geral do DM