Créditos: Divulgação
12-12-2025 às 10h54
Ricardo Baeta*
É fim de temporada, mas desta vez requintada com as semifinais da Copa do Brasil. Não é apenas futebol, é sobrevivência, elenco testado no limite, treinador no fio da navalha e torcida vivendo cada fase como se fosse a final, mas ainda falta mais esta etapa.
Os confrontos desta fase entregam tudo o que o torneio tem de melhor: tradição, rivalidade e um imprevisível que só o mata-mata brasileiro consegue oferecer. De um lado, Cruzeiro x Corinthians representa o choque entre camisas pesadas e projetos pressionados por resultados. O Cruzeiro chega com a obrigação histórica de voltar a uma decisão nacional e provar que o clube reencontrou seu lugar entre os gigantes. Já o Corinthians carrega a mística da competição e a força de decidir grandes jogos quando menos se espera. É confronto de detalhes, de estratégia, onde erros custam caro e a paciência raramente existe.
Do outro, Vasco x Fluminense vai muito além de uma vaga na final. É clássico. É orgulho carioca em jogo.
O Vasco aposta na empolgação e na relação quase épica com sua torcida, que transforma qualquer cenário em combustível. O Fluminense, por sua vez, traz a confiança de quem sabe jogar mata-mata, com um futebol mais organizado e a certeza de que controle emocional pesa tanto quanto qualidade técnica.
As semifinais também escancaram uma verdade incômoda: não há espaço para favoritismo confortável, o mesmo é “pendurado em um cabide”. A Copa do Brasil pune distrações, despreza campanhas anteriores e cobra personalidade. Time grande que entra achando que decide depois, geralmente descobre tarde demais que o depois pode nunca chegar. Quando a bola rolar, não será apenas sobre sistemas táticos ou números de posse de bola. Será sobre quem aguenta a pressão, quem suporta errar um passe e continuar jogando, quem entende que em 180 minutos se constrói — ou se destrói — uma temporada inteira.
E é por isso que, mesmo em fim de temporada, a Copa do Brasil segue sendo
especial, porque quando a bola rola, o cansaço some, a lógica falha e só sobrevive quem entende o peso do mata-mata.
*Ricardo Baeta é comentarista de esporte do Diário de Minas

