CPMI - Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do congresso - créditos: Divulgação
05-12-2025 às 10h20
Samuel Arruda*
Um depoimento prestado à Polícia Federal por um ex-funcionário do empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, reacendeu a polêmica que envolve Fábio Luís Lula da Silva — o “Lulinha” — no escândalo de fraudes no INSS. De acordo com o relato de Edson Claro, Antunes teria pago uma mesada mensal de cerca de R$ 300 mil ao filho do presidente da República, além de um repasse único estimado em R$ 25 milhões — embora o depoimento não detalhe a moeda, data ou a natureza exata dos pagamentos.
Segundo o ex-funcionário, a relação entre Antunes e Lulinha não se limitava a transações financeiras: haveria também indícios de sociedade empresarial entre ambos e registro de viagens realizadas juntos, inclusive a Portugal — situação que, no entendimento da testemunha, reforçaria proximidade além de simples repasse.
As acusações foram levadas à CPMI do INSS, comissão no Congresso Nacional encarregada de apurar supostas fraudes em empréstimos consignados e descontos indevidos de aposentados e pensionistas — esquema no qual Antunes é apontado pela polícia como operador central. Em sessão realizada em 4 de dezembro de 2025, o colegiado rejeitou por 19 votos contra 12 o requerimento para convocar Lulinha a depor, decisão celebrada pela base governista e considerada por opositores como uma manobra de blindagem.
De um lado, parlamentares da oposição criticaram fortemente a decisão, afirmando que a recusa de permitir o depoimento reforça suspeitas e impede transparência. De outro, aliados de Lulinha — bem como seu ex-advogado — negam irregularidades; classificam as alegações de Edson Claro como “puro fogo de artifício” e ressaltam que, até o momento, não há provas concretas: não foram apresentadas notas fiscais, contratos, extratos bancários ou qualquer documento público que comprove os pagamentos, sociedade empresarial ou vínculo legal entre os envolvidos.
Por ora, a acusação permanece como declaração de testemunha, sem confirmação. A investigação e os debates na CPMI prosseguem, enquanto cresce a pressão por esclarecimentos — e o caso volta a dividir o Congresso, a opinião pública e o próprio cenário político do país.
*Samuel Arruda é jornalista e articulista

