
Diploma de Honra ao Mérito,10 anos Hinologia Cristã
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06-04-2025 às 10h10
Handel Cecílio
Ao longo da história, o culto cristão tem integrado diversas formas de arte, que se tornaram expressões essenciais de adoração, espiritualidade e reflexão teológica. Essas artes desempenham um papel crucial no contexto litúrgico, enriquecendo a experiência religiosa e facilitando a comunicação da mensagem cristã de maneira profunda e significativa. As principais formas de arte envolvidas no culto cristão incluem a arquitetura, as artes visuais, a retórica, a literatura e a música vocal e instrumental.
No Antigo Testamento, o canto e o uso dos instrumentos foram introduzidos no culto por Davi, Rei de Israel. O capítulo 25 do Livro de I Crônicas descreve como Davi organizou e designou as responsabilidades dos músicos para o culto no templo. Em colaboração com os oficiais do templo, Davi escolheu os descendentes de Asaph, Heman e Jeduthun para serem os responsáveis pela música litúrgica. O objetivo de Davi em relação ao culto no templo era promover a honra, a glória e o louvor na adoração ao Senhor Deus (יְהוָה אֲדֹנָי – Adonai Yahweh) durante os serviços religiosos. Davi compreendeu a importância de organizar e estruturar as práticas litúrgicas de maneira a refletir a santidade e a magnificência de Deus. Ele buscava criar um ambiente de adoração contínua e ordenada, no qual a música desempenhasse um papel importante.
Na liturgia cristã o canto é um elemento fundamental na música sacra que possuem origens e tradições distintas, sendo profundamente influenciados pelas visões litúrgicas de suas respectivas igrejas, na Igreja Protestante ou Reformada, e na Igreja Católica Romana.A Reforma Protestante do século XVI trouxe uma transformação significativa na maneira como a música litúrgica era praticada. Reformadores do século XVI como Martinho Lutero (1517) enfatizaram a participação da congregação através do uso da língua vernacular, enfatizando o uso predominante da língua vernácula em vez do latim. Essa mudança democratizou a adoração e a música, incentivando hinos e salmos no idioma comum, permitindo que os fiéis compreendessem as palavras dos hinos e orações. A tradução da Bíblia e o uso da língua materna na liturgia foram princípios fundamentais para o sucesso da Reforma Protestante, refletindo também a ênfase na educação religiosa do povo e permitindo uma experiência religiosa mais pessoal e significativa. Embora a tradição reformada inicialmente favorecesse a simplicidade, a influência de desenvolvimentos musicais mais amplos e mudanças culturais levou à incorporação de coros mistos nos cultos de adoração, e a inclusão de instrumentos como o órgão de tubos. Essa evolução ressalta a natureza dinâmica das práticas litúrgicas dentro da tradição protestante. Lutero acreditava que a música deveria ser acessível a todos, não limitada ao clero ou coros especializados, tornando os fiéis participantes ativos, e não mais meros espectadores. Antes da Reforma, os coros nas Igrejas Católicas Romanas eram predominantemente compostos por homens ou por grupos formados apenas por clérigos. Lutero defendeu a participação ativa de homens, mulheres, crianças e adultos no canto congregacional, promovendo a ideia de que toda a assembleia deveria cantar unida durante o culto. A esse conceito, costumo me referir como “O Coro Congregacional” — o principal e mais significativo “Coro Misto” de uma igreja, pois simboliza a comunhão entre os membros da comunidade cristã, unidos na adoração a Deus. Embora os coros mistos, como os conhecemos hoje, tenham se desenvolvido e se expandido posteriormente, o princípio da inclusão e da participação comunitária foi um dos legados mais importantes da Igreja Reforma. Essas transformações tiveram um impacto profundo na música litúrgica não apenas na Igreja Protestante, mas também influenciaram a música sacra em toda a Europa e pelo mundo, promovendo um novo entendimento sobre o papel da música na adoração, a importância da congregação e a acessibilidade dos textos litúrgicos. Outros reformadores, como João Calvino, também promoveram o uso da língua vernácula.
O uso dos hinos protestantes foi introduzido com o objetivo de envolver ativamente a congregação na adoração, enquanto a Igreja Católica Romana manteve o Canto Gregoriano como uma forma de expressar reverência e solenidade. Ambos os estilos têm raízes profundas na história da música sacra e continuam a influenciar a música religiosa até os dias de hoje. A principal diferença entre eles reside na maneira de envolver a congregação, no uso de instrumentos e na linguagem empregada para transmitir a mensagem espiritual. A forma tradicional do hino consiste em uma letra estruturada em versos poéticos, cujas métricas coincidem perfeitamente com as frases musicais, possibilitando o canto congregacional. Mais do que uma forma de adoração a Deus, os hinos constituem um valioso legado que transmite teologia, doutrinas e valores da fé cristã às gerações. No contexto dos hinos protestantes, Martinho Lutero não se limitou a escrever as letras, mas também se preocupou em criar melodias simples para que toda a congregação pudesse cantar, independentemente de sua formação musical. Convém lembrar que, naquele período da história da Igreja, o canto congregacional feito por leigos era uma prática inovadora. Por isso, os hinos precisavam ter melodias simples, fáceis de aprender e de cantar, para que todos pudessem participar ativamente da liturgia do culto a Deus.
Lutero compôs o famoso “Castelo Forte” (Ein’ feste Burg ist unser Gott – Uma fortaleza forte é o nosso Deus), que se tornou um dos hinos mais emblemáticos da Reforma Protestante. Por sua vez, João Calvino tinha uma abordagem mais prática da música litúrgica, vendo-a como uma ferramenta essencial para a educação religiosa e a edificação espiritual da congregação. Diferente de Lutero, que incentivava a criação de hinos com letras originais, Calvino e seus seguidores concentraram-se na música dos salmos. Calvino acreditava que a Escritura deveria ser o centro da adoração, e os salmos, sendo palavras divinas, deveriam ser cantados diretamente, sem a adição de letras humanas. Calvino defendia que somente os textos bíblicos deveriam ser cantados, principalmente os Salmos metrificados. Para Calvino, o canto não deveria ser visto como uma simples expressão artística, mas como uma forma de meditação sobre a palavra de Deus.
Os hinários são coletâneas que reúnem hinos — composições musicais de caráter religioso, compostas por letras e melodias — tradicionalmente utilizadas em cultos e celebrações litúrgicas. Historicamente, os primeiros hinários apresentavam apenas as letras dos hinos, sem notação musical. Os fiéis cantavam essas letras utilizando melodias familiares ou aprendidas por tradição oral. Com o tempo, certas letras foram associadas a melodias específicas, consolidando combinações fixas que se tornaram padrão nas práticas litúrgicas. A prática de imprimir melodias junto com as letras nos hinários começou a se estabelecer no século XIX. Um marco significativo foi a publicação do hinário inglês “Hymns Ancient and Modern” em 1861, que pela primeira vez apresentou as músicas impressas junto com seus textos na mesma página. Essa abordagem facilitou a uniformidade na execução dos hinos e reforçou a associação entre letras e melodias específicas. Os hinários desempenham um papel crucial na preservação de músicas litúrgicas, refletindo a evolução do repertório musical religioso ao longo dos séculos. A evolução dos hinários protestantes envolve uma transição significativa no uso de letras e melodias, especialmente no início da Reforma Protestante.
Os hinos explicavam as doutrinas da fé protestante, como a justificação pela fé, a soberania de Deus e a centralidade das Escrituras. Através do canto, os fiéis eram instruídos na teologia e na prática cristã. Os hinos podem ser classificados em suas temáticas como hinos de: Louvor e Adoração; Confissão; oração (com o “amém” ao final da última estrofe); Ensino de teologia e Doutrina; de Esperança e Consolo; de edificação espiritual; de Testemunho Cristão; de Missão e Evangelismo; de Comunhão e União; de Ação de Graças etc. O “amém” ao final da última estrofe dos hinos em forma de oração é uma prática tradicional nas igrejas cristãs que carrega um profundo significado teológico e litúrgico. A palavra “amém”, usada ao final dos hinos em forma de oração, deriva do hebraico אָמֵן – (āmēn), que significa “assim seja”, “verdadeiramente” ou “que assim aconteça”. Seu uso ao final de orações e cânticos simboliza a confirmação e aceitação do pedido ou oração dirigida a Deus, expressando uma resposta de fé e concordância com o que foi proclamado. Ao entoar o “amém”, os participantes do culto afirmam sua unidade e adesão àquilo que foi declarado, fortalecendo o vínculo de fé e propósito dentro da congregação e reafirmando a verdade expressa nas palavras do hino.
A plataforma “Hinologia Cristã: Cantos da Fé Cristã” (https://www.hinologia.org) foi idealizado por Robson José dos Santos Júnior com o propósito de oferecer aos músicos cristãos, pastores e líderes religiosos uma plataforma dedicada ao estudo e preservação dos hinos e cânticos litúrgicos. A inspiração para a criação do site surgiu durante uma conversa com o maestro João Wilson Faustini, na qual discutiram a necessidade de um espaço que abordasse a rica tradição da música sacra cristã. O nome “Hinologia Cristã” foi complementado por Faustini com a expressão “Cantos da Fé Cristã”, refletindo a missão abrangente do projeto. Desde sua concepção, o projeto contou com a colaboração de profissionais talentosos, incluindo Daniel Freire de Souza Júnior, que desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento e expansão da iniciativa. Para materializar essa visão, houve a colaboração de profissionais talentosos: Magnus Carlos contribuiu com a criação da logomarca, enquanto o competente web designer Tiago Rigo Thompson ficou responsável pela estrutura e funcionalidade desta plataforma. O lançamento oficial do portal ocorreu em 2015, marcando o início de uma jornada dedicada ao resgate e à valorização da hinódia cristã.
A parceria entre Robson Santos e Daniel Júnior foi essencial para o crescimento do Hinologia Cristã. Enquanto Robson liderava a pesquisa e documentação histórica dos hinos, Daniel aportava sua expertise em produção musical, enriquecendo o conteúdo disponibilizado pelo projeto. Essa colaboração resultou em diversas realizações significativas, como:
- Documentação Histórica: O site oferece uma vasta coleção de artigos que narram as histórias por trás de hinos e cânticos, proporcionando aos leitores um entendimento mais profundo sobre as composições que têm marcado a fé cristã ao longo dos séculos.
- Publicações e Pesquisas: Disponibiliza dissertações, monografias, teses e e-books biográficos, servindo como um repositório valioso para pesquisadores e entusiastas da música sacra.
- Biografias de Personalidades: Apresenta perfis detalhados de compositores, letristas, maestros e outras figuras importantes que contribuíram para o desenvolvimento da hinódia cristã.
- Ilustrações Exclusivas: O site conta com ilustrações feitas exclusivamente para o projeto, destacando personalidades e momentos marcantes da história da música sacra.
- Canal no YouTube: Expandindo sua presença digital, o Hinologia Cristã mantém um canal no YouTube com entrevistas, documentários e análises musicais, ampliando o alcance de seu conteúdo e promovendo a interação com um público diversificado.
A sinergia entre Robson e Daniel também se refletiu em participações conjuntas em eventos e produções. Em uma live promovida pela Sociedade Bíblica do Brasil, Robson mencionou: “Esse é um trabalho que eu e o Daniel Júnior realizamos, Daniel é o nosso grande amigo…” Ao longo dos anos, o Hinologia Cristã consolidou-se como uma referência no estudo e na divulgação da música sacra, desempenhando um papel crucial na preservação da herança musical cristã e inspirando novas gerações a valorizar e compreender a profundidade dos cânticos litúrgicos.
No dia 12 de março desta ano de 2025, a Câmara Municipal de Belo Horizonte foi palco de uma importante solenidade, marcada pela entrega do Diploma de Honra ao Mérito ao Projeto Hinologia Cristã, que celebrou uma década de existência. A cerimônia teve início com a recepção calorosa aos presentes e a formalização do momento com a homenagem ao projeto, idealizado para valorizar a música cristã. A indicação para essa honraria foi de autoria do Vereador Cleiton Xavier, que presidiu o evento. Esta diplomação reconheceu a importância do projeto para a cultura e a música sacra da cidade e do país. https://youtu.be/S3ptuLVf4Vo
O evento teve início com o cerimonial da Casa dos Vereadores de Belo Horizonte convidando as personalidades presentes para comporem a mesa de honra desta solenidade, conforme segue: O Vereador Cleiton Xavier, presidindo a solenidade; o idealizador do projeto Hinologia Cristã, Robson Santos; o Diretor-Geral de Produção do Projeto Hinologia Cristã, Daniel Freire de Souza Júnior; o membro da Corte do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, juiz Antônio Leite de Pádua, representando o desembargador Júlio César Lorens, Vice-Presidente e Corregedor Tribunal Regional Eleitoral TRE- MG; Soraia Pena Forte Silva – investigadora da Policia civil – representando a Chefe Polícia civil Delegada geral Leticia Camboja; a cantora lírica Elizeth Gomes; a cantora de música sacra Zilanda Valentim; a cantora de grupos corais Rosilene Amaral; e o organista e doutor em música, Handel Cecílio. Essa mesa ilustrou a importância da solenidade e reforçou o valor cultural e institucional do evento, celebrando os 10 anos do Projeto Hinologia Cristã. Além destes, estavam presentes: Fátima Levy, produtora cultural, musicista, coordenadora do grupo musical “Entresons Brasilis”, colaboradora Hinologia Cristã, e membro da diretoria da ETNOS – Associação pró cultura cristã; o pastor Divino Santos, teólogo e ex-Conselheiro de Cultura de Belo Horizonte, e membro da diretoria da ETNOS; e o pastor titular da Igreja Batista do Barro Preto Tarcísio Farias Guimarães.
Logo após, foi executado o Hino Nacional Brasileiro pela cantora Elizeth Gomes, com o acompanhamento do trompetista Charles Amaral e do organista Dr. Handel Cecílio. Durante a cerimônia, aconteceram ainda outras duas participações musicais. O grupo “Entresons Brasilis” realizou uma performance emocionante e reverente, interpretando os arranjos dos hinos “Tu És Fiel”, “Bem Sei Que Tudo Podes” e “Guarda-me”. Esses cânticos, imbuídos de devoção e espiritualidade, foram cuidadosamente escolhidos para refletir o sentido mais profundo da celebração, alinhando-se à proposta de louvor e adoração do evento. Suas melodias e mensagens envolveram intensamente aos presentes a esta cerimônia, tocando o espírito cristão de maneira profunda e significativa. Na sequência da solenidade, reforçando a atmosfera espiritual do encontro, apresentou-se o “Grupo Raízes”, trazendo novas sonoridades ao interpretar os hinos: “Em Jesus Amigo Temos”, “Nome Bom” e “Vem Jesus Habitar Comigo”. Essas músicas sensibilizaram os corações dos participantes, convidando-os à reflexão sobre a presença de Cristo em suas vidas e ao fortalecimento da fé durante a ocasião.
A participação de Fátima Levy na solenidade realizada na Câmara Municipal de Belo Horizonte foi essencial, desempenhando um papel significativo tanto na coordenação do evento quanto como colaboradora ativa do Projeto Hinologia Cristã desde seu início. Em depoimento, Fátima Levy expressou seu sentimento de privilégio por poder contribuir com seus conhecimentos artísticos e culturais em prol da valorização da música sacra, reconhecendo a importância desse projeto para a preservação e divulgação da memória musical cristã no país. Ela também destacou que o projeto não apenas mantém viva a identidade musical cristã, mas também promove justiça e respeito ao reconhecer os verdadeiros autores das composições, incentivando novos talentos a seguirem produzindo conteúdos edificantes para a fé cristã.
Em seu discurso, o vereador Cleiton Xavier enfatizou a importância do Projeto Hinologia Cristã, que celebrou dez anos de existência, destacando a relevância do idealizador Robson dos Santos e do diretor-geral de produção, Daniel Freire de Souza Júnior. O vereador sublinhou que desde a fundação do projeto, em 2015, a iniciativa se dedica ao resgate e à preservação da história da música cristã brasileira, ressaltando seu caráter Inter denominacional e sua importância para a identidade e espiritualidade cristã. O vereador Cleiton Xavier destacou especialmente a função dos hinos sacros, lembrando que são fontes de conforto e alento em momentos difíceis, comparando-os a faróis que orientam a jornada de fé dos cristãos. Além disso, o vereador salientou a expressiva expansão do projeto ao longo dos anos, mencionando a criação de um canal no YouTube que conta atualmente com mais de dez milhões de visualizações e mais de dois mil vídeos, abrangendo entrevistas, análises históricas e musicais, documentários e conteúdo que fortalece a preservação da herança musical cristã. Ao entregar o diploma de honra ao mérito ao Projeto Hinologia Cristã, o vereador Cleiton Xavier não apenas reconheceu as conquistas passadas, mas também incentivou o projeto a continuar sua missão de inspirar as novas gerações. O vereador concluiu sua fala deixando uma reflexão espiritual baseada no Salmo 7:17, enfatizando o papel essencial do louvor na vida dos fiéis e mencionando um ensinamento bíblico sobre o propósito eterno da adoração ao Criador. Finalizando seu discurso com palavras de gratidão e reconhecimento à participação dos presentes, o vereador Cleiton Xavier ressaltou que o verdadeiro propósito de todas as ações deve ser a glória de Deus, reforçando o significado profundo da música e da adoração como expressões da fé e da gratidão humana.
A solenidade realizada na Câmara Municipal de Belo Horizonte evidenciou não apenas o reconhecimento do valor cultural e espiritual do projeto Hinologia Cristã, mas também ressaltou a relevância dessa iniciativa para a preservação da memória musical e religiosa. O vereador Cleiton Xavier, autor do projeto de homenagem, desempenhou um papel central ao destacar a importância histórica e educativa da hinódia cristã, valorizando a dedicação e o comprometimento dos idealizadores Robson Santos e Daniel Freire de Souza Júnior, além dos músicos e colaboradores envolvidos. O evento contou com participações emocionantes que reforçaram a dimensão espiritual e artística do projeto, demonstrando como o site Hinologia Cristã se consolidou como uma plataforma essencial para resgatar e promover o legado musical da fé cristã no Brasil, incentivando o diálogo Inter denominacional e inspirando novas gerações a continuarem essa preciosa tradição.