
Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolás Maduro. CRÉDITOS: Ricardo Stuckert/PR
27-07-2025 às 09h27
Direto da Redação
A Venezuela surpreendeu o Brasil ao anunciar, sem aviso prévio, a retomada da cobrança de tarifas de importação que chegam a 77% sobre produtos brasileiros — mesmo os que possuem certificado de origem, que deveriam estar isentos por um acordo bilateral firmado em 2014 (ACE 69).
A medida, que afeta principalmente alimentos exportados ao país vizinho, como arroz, milho, açúcar e outros itens da cesta básica, gerou preocupação em empresários e autoridades. Em 2024, o Brasil exportou cerca de US$ 1,2 bilhão para a Venezuela e teve superávit de quase US$ 778 milhões. Já as importações brasileiras, concentradas em alumínio, adubos e derivados de petróleo, somaram US$ 422 milhões.
Empresários de Roraima — estado mais impactado pela decisão — relataram que a tarifa também atinge os demais países do Mercosul. Segundo Eduardo Oestreicher, presidente da Câmara Venezuelana Brasileira de Comércio em Roraima, a cobrança foi retomada na última sexta-feira (18), sem justificativas oficiais. Ele destacou que a isenção deveria ter sido retirada de forma gradual.
A tensão ocorre em meio a um histórico recente de desgastes diplomáticos. Desde julho de 2024, as relações entre os dois países se deterioraram após o governo brasileiro não reconhecer a reeleição de Nicolás Maduro, apontada como irregular pela oposição venezuelana. Maduro também criticou o Brasil por barrar a entrada da Venezuela no Brics.
O Ministério das Relações Exteriores afirmou, em nota, que acompanha a situação em conjunto com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), e que a Embaixada do Brasil em Caracas está buscando esclarecimentos com autoridades locais para tentar restabelecer o comércio bilateral conforme o acordo vigente.