Português (Brasil)

Vaquinha virou monumento político

Vaquinha virou monumento político

E todo ano – já vai se tornando tradição – essa quantidade de gente concentra-se na Praça Cairo, no Bairro Santo Antônio, e desce como cobra se arrasta pelo chão, para “mamá na vaca”.

Compartilhe este conteúdo:

03-02-2024 às 13:23h.

Alberto Sena

O bloco Mamá na Vaca se concentrou na Praça Cairo, nesta manhã de sábado, 3 de fevereiro, como tem feito nos últimos anos, para mais um aquecimento do Carnaval 2024, que promete estourar a boca do balão, como já dissemos aqui neste espaço.

Evidentemente, a Praça Cairo ganhou proteção de grade de ferro por motivos óbvios. E em todo o percurso há lixeira. Os foliões não tiveram a menor desculpa para deixar lixo no chão, com a quantidade de lixeiras ao longo de todo o percurso.

Logo cedo os ambulantes foram chegando e cada um ocupou o seu espaço em toda a extensão da Rua Professor Aníbal de Matos, a partir do encontro com a Rua Mar de Espanha.

Devagar, quase parando, os foliões vieram cantando as marchinhas tiradas pela banda do bloco, tais como: “Se canoa não virar”, “Mamãe eu quero”, “Jardineira” e outras, numa animação, que só vendo.

Às 11h eles começaram a escorregar, quer dia a se movimentar. Desceram o pequeno trecho da Rua Mar de Espanha e à esquerda adentraram na Rua Professor Aníbal de Matos rumo à Vila Estrela e pegaram a Rua Santo Antônio do Monte e em seguida a Rua Leopoldina até fechar o quarteirão da Vaquinha.

Foi ela, a Vaquinha de concreto feita pelo escultor paulistano Marcello Ntsche, que participou da denominada “Intervenção” dos XII Salão Nacional de Arte, promoção do museu de Arte da Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e Esportes da capital e, com ela – a Vaquinha – ele faturou o 2° lugar.

Se a Vaquinha fosse de carne e osso, a essa altura, já teria morrido porque nenhum animal da raça dura 43 anos, quando em 02 de fevereiro de 1981 aconteceu a execução do projeto. O autor ao terminar disse que poderia ser implantada em uma rua comum dentro da cidade.

À época, o interessante foi que a Vaquinha, uma obra sólida, mas insólita despertou a atenção das pessoas que tomaram ciência dela, ao ser implantada na rua Leopoldina, no Bairro Santo Antônio, quase esquina da Avenida do Contorno, região Centro-Sul de BH.

À toda mão, a Vaquinha ganha roupagem nova. Aliás, pintura nova. Acabou se tornando um monumento político, até uma vaca política, por meio da qual a Associação Mamá na Vaca foi criada já faz esse montão de anos, quer dizer, 43.

Numa das roupagens que mais chamaram a atenção do público foi quando a Vaquinha amanheceu pintada da cor de lama, como se estivesse num lamaçal, em protesto contra a Vale então do Rio Doce, com a tragédia de Mariana, o estouro da barragem de Fundão, em Bento Rodrigues, subdistrito de Mariana, deixando 19 pessoas mortas.

A Vaquinha está ali naquele ponto desde o dia 06 de fevereiro de 1981. Repetindo, há 43 anos. Na época que ali chegou, e os moradores gostaram da ideia e foi quando criaram a associação para ajudar a proteger a escultura, que, a essa altura da idade dela e do que representa ali no bairro, ganhou vida. 

Só não passeia pelas ruas do bairro porque ainda tem as patas presas no chão.

*Editor Geral do DM   

Compartilhe este conteúdo:

 

Synergyco

 

RBN