
Inauguração do Barco à Vapor Benjamim Guimarães em Pirapora/MG. CRÉDITOS: Tauan Alencar/MME
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02-06-2025 às 10h34
Bárbara Araújo*
O lendário Benjamim Guimarães, único barco a vapor em funcionamento no mundo, foi reinaugurado neste domingo (01/06), às margens do Rio São Francisco, em Pirapora (MG). A cerimônia marcou também os 113 anos do município, no Norte de Minas.
A embarcação, que não navega desde 2013, passou por uma restauração completa, viabilizada por um investimento de R$ 5,3 milhões do Ministério de Minas e Energia. Apesar da entrega, o vapor ainda não voltará a navegar. Por questões de segurança, ele precisa de um maior volume de água no São Francisco para operar com segurança.
Por isso, toda a solenidade ocorreu com o barco ancorado.
Além de preservar um patrimônio histórico e cultural, o projeto também tem impacto direto na geração de energia. A obra integra um conjunto de ações que permite aumentar a vazão da Usina Hidrelétrica de Três Marias, sem prejudicar outros usos da água, como abastecimento, agricultura e turismo. A vazão, que havia sido reduzida de 4 mil para 3 mil metros cúbicos por segundo, agora será retomada, contribuindo para a geração de energia limpa e renovável.

O Benjamim Guimarães pertence à cidade de Pirapora, que tem cerca de 57 mil habitantes e é banhada pelo Velho Chico. A última viagem da embarcação foi em 2013, e ela ficou ainda mais famosa após servir de cenário para a novela “Velho Chico”, da TV Globo.
Construído em 1913 pelo estaleiro James Rees & Sons, nos Estados Unidos, o vapor navegou inicialmente pelo rio Amazonas. A partir de 1920, passou a operar no Rio São Francisco, transportando passageiros e cargas entre Pirapora (MG) e Juazeiro (BA). Em 1985, foi tombado como patrimônio histórico de Minas Gerais.

Detalhes da Reforma
A última grande obra no vapor havia ocorrido em 1986, com apenas manutenções pontuais desde então. A atual intervenção foi classificada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) como uma “restauração minuciosa”, seguindo as normas atuais de navegação.
Durante o processo, o barco foi retirado da água, passou por inspeções da Marinha e enfrentou até situações delicadas, como o afundamento parcial da popa durante a retirada.
A reforma contemplou todo o vapor, incluindo:
- Recuperação do casco, caldeira e estrutura geral
- Modernização de sistemas elétricos, hidráulicos e de iluminação
- Renovação dos dormitórios, áreas de hospedagem, restaurante, pintura, portas e janelas
- Instalação de uma nova caldeira, que permite atingir até 12 km/h e transportar 140 passageiros

Vista do vapor durante restauração em 2021 — Foto: Industria Naval Catarinense/Iepha Divulgação
O Benjamim Guimarães tem 43,85 metros de comprimento, 7,96 metros de largura e pesa 243 toneladas sem carga.
A obra foi financiada pelo Ministério de Minas e Energia, executada pela INC – Indústria Naval Catarinense, com apoio da Eletrobras.
*Bárbara Araújo é Médica veterinária, com atuação voltada para a promoção do bem-estar animal, conservação ambiental e causas socioambientais.