“O terceiro capítulo” agradece se a pessoa mantiver a atividade mental e física. “Manter a atividade física é mais difícil, mas a mental, não”, disse o doutor Silvano Raia
15-12-2024 às 09h19
Direto da Redação
Como deve ser bom para uma pessoa chegar aos 94 anos inteira, espiritual, mental, emocional e fisicamente, em condição de trabalhar 8 horas por dia, fazer atividade física e produzir projetos capazes de influenciar quem se interessar possa.
Assim é o médico cirurgião paulista Silvano Raia, considerado uma das maiores autoridades em matéria de transplante no Brasil. Ele foi o primeiro cirurgião a fazer transplante de fígado, ainda na década de 1980, no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).
Silvano é um exemplo de como envelhecer (ele usa “terceiro capítulo”) com saúde e longevidade. Raia fez certa feira uma palestra dentro da linha “Ciência, hoje”, na Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro, onde falou sobre “Como aproveitar o terceiro ato de nossas vidas”, sobre envelhecimento e longevidade.
Ele disse que não existe segredo para a longevidade. A longevidade depende da genética e dos hábitos de vida. Ele tem uma boa genética, veio de uma família de longevos. E acredita que “o terceiro capítulo” agradece se a pessoa mantiver a atividade mental e física. “Manter a atividade física é mais difícil, mas a mental, não”, disse
O doutor disse que na alimentação defende dietas ricas em fibras, portanto verduras e frutas, e substâncias naturais, como carne e peixe fresco. “A alimentação diária tem que ser muito saudável. Deixo as comidas mais elaboradas para quando quero jantar fora, a cada 15 dias”, comentou.
O especialista considerou importante os períodos intermitentes de jejum para prolongar a longevidade. Isso ele disse com base no que acontece com os habitantes da ilha de Okinawa, no Japão. “Experimentos demonstraram que período de jejum intermitente fazem muito bem para estimular o epigenoma, que é o responsável pelo envelhecimento da célula e pelo prolongamento de vida”, disse.
Levar uma vida saudável, realizando esporte e atividades. Tentar não se aborrecer. Evitar usar esse modelo de vida, que “é viajar como se estivesse em um trem bala e não ver a paisagem”. E a isso juntou o que disse preconizar, “ter uma atividade prazerosa, viver uma vida mais vivida”.
A morte não o apavora. Ele trabalhou isso e aceita como algo natural. Sabe que irá morrer e não adianta negar o que é inevitável para todo ser. “Todo humano lúcido tem a noção da finitude. Mas gostaria de ter um fim súbito para não ter um período final com uma vida degradada”, disse ele do alto dos seus 93 anos de idade.
(Texto criado a partir de uma entrevista dele, de uma página, ao jornal O Globo, área de Saúde).