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Um Homem Faminto

Voltei do espelho em dúvida se teria cara de um homem faminto. A doutora registra na máquina todos os sintomas. Passei um apanhado do que aconteceu na noite de quarta para quinta-feira.

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05-12-2023 às 15:05h.

Rufino Fialho Filho*

Voltei do espelho em dúvida se teria cara de um homem faminto. A doutora registra na máquina todos os sintomas. Passei um apanhado do que aconteceu na noite de quarta para quinta-feira.

Nenhuma dor, permanece o incômodo na garganta a alterar o tom da minha voz, antes na conversa com Brasinha, ele notara que a voz era de alguém doente. Quis, em vários momentos, nesta nossa conversa celular, dizer que iria ao hospital.  Não quis incomodar o amigo. Não disse nada.

"Pelos meus cálculos deve estar sem comer há mais de seis horas, só na espera da consulta foram mais de quatro horas e você disse que não comeu nada. Não comeu? Claro. Precisa de comer alguma coisa".

Marina pauta várias intervenções em que alerta para o risco da fome, afinal "eu era um homem com fome, um homem faminto". E também um homem com mais de 75 anos.

Ela confere os dados no computador.

"Você pode cair na rua, sofrer um acidente (ela bate com os dedos na mesa). Não, não, isso não acontecerá".

Amor filial

Não era a primeira pessoa a se mostrar preocupada com a minha alimentação.  Registro o amor filial e guardo na estante várias embalagens de Ouro Branco que devolverei para minha filha Raquel.

Amores fraternos

1.A todo almoço, café ou jantar na casa de Rita saio com uma ou duas marmitas.

 "É para o seu jantar".

"É para o seu almoço amanhã".

Como fomos a São Lourenço no aniversário de Danusa, devolvi seis vasilhas. Ela se preocupa não apenas com este Homem Faminto. Preocupa-se com o aprendiz de cozinheiro, denunciado por produzir uma mistura de comida que não chega a ser nem mesmo uma mistura de comida, nem um mexido (1), ficava mais para uma gororoba (2), como enfatizava dona Cléo, a Cléria.

2. Outras vasilhas de comidas, sempre gostosas, que as minhas amigas me deram, já lavadas e secas, foram separadas para serem devolvidas à roça da rua divisa da Pompéia com o Saudade, rua Juramento, a que se chega também pela rua Alegria (3) - sempre gostei deste nome que é também de uma rua do Rio de Janeiro de Nelson Rodrigues guardada em sua boas Memórias, publicadas, semanalmente pelo O Globo e editadas em belos volumes pela Agir. 

Aquela roça nos limites de dois bairros marcada, magistralmente, pelo bananal, já teve 10 pés de bananas; ao longo de décadas produziu dezenas de mudas espalhadas por sítios e fazendas amigas de bons amigos.

3. Danusa e Carlinhos trazem sempre os melhores queijos do Sul de Minas como os queijos de trancinhas, o queijo Cabaça e agora a descoberta do queijo parmesão novo sem estar curado, tira gosto para ser comido durante todo o dia

4. Um apanhado da noite de terça para quarta 23/24

A brava resistência de um estômago valente

Tudo começou na noite de terça-feira. Imaginava que se conseguisse vomitar, melhoraria. Amargo engano. Nada. Nem o intestino se lixava com o sofrimento do meu bom estômago, capaz de descartar qualquer azia e de devorar qualquer alimento suspeito. O estômago estava resistindo, doido para não passar adiante e devolver o que entrou. Nada de vomitar.

Era como se estivesse empanturrado. Sentia o volume no estômago e, principalmente, no intestino.

Levantava de tempo em tempo, 40m em 40m, com ânsias de vômito e nada.

Foi aí que, na madrugada, a segunda dose de bicarbonato, permitiu um sono de 4h. Esta soma, bicarbonato + um bom e suave sono, resultou na melhora com que agora me animei até a voltar aos teclados.

*Rufino é jornalista e escritor

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