
Novas competências e conhecimento farão toda diferença no trabalho - créditos: divulgação
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19-04-2025 às 08h48
Daniela Rodrigues Machado Vilela (*)
Os desafios no modo de conformação dos trabalhos para um futuro próximo que já se inaugura no presente, pressupõem inúmeras complexidades, pois o que se denomina, ordinariamente, de Quarta Revolução Industrial ou Revolução da Indústria 4.0, apresenta o surgimento de novos aparatos tecnológicos, e desta feita, o modo de conformação da empregabilidade mudou e mudará acentuadamente, nada mais será como fora outrora. A sociedade pós-moderna presencia um momento de mudanças paradigmáticas numa velocidade exponencial.
A mudança no modo de execução dos labores resulta em transformações, de modo que estes estão “disruptivos” em comparação ao que existia e o que passará a existir. “Disrupção” é um termo que remete a uma quebra abrupta, a uma descontinuação de um processo tradicional.
Há um desejo por parte da classe empresarial de aumento da produtividade e geração de lucros. Por outro lado, para se potencializar a produção e a geração de riquezas faz-se necessário investir em mecanismos vetores de criatividade, cursos de capacitação e qualificação, porém esta não é a realidade no mais das vezes. Espera-se também por uma mais justa distribuição de riquezas para a classe trabalhadora, o que não se percebe.
É indispensável haver um incremento de capacitação das técnicas necessárias à execução do trabalho para que se faça possível uma atuação mais eficiente diante dos “novos” modos de se trabalhar. O desafio é que o mercado de trabalho se apresente com maior potencialidade e que surjam mais oportunidades.
Dos trabalhadores do futuro, espera-se que não se limitem a formações específicas em demasia, mas que possuam capacidades para atuar mediante as transformações observáveis, de acompanhar e até prever mudanças. Ou seja, provavelmente, não adiantará apenas ter uma formação ou cursos específicos para atuar diante de obstáculos renovados. Será vital estar conectado às mudanças de seu tempo histórico, entendendo e identificando desafios e oportunidades, apreendendo de modo continuado.
“A classe que vive do trabalho” deve estar atenta às transformações de padrão e tendência que se operam no nível mundial, pois esta é uma das expectativas. Afinal, a tecnologia tem a aptidão de subverter a lógica vigente, trazendo mudanças radicais com uma velocidade vertiginosa.
Outro dado relevante sobre a nova conformação no mundo do trabalho, diz respeito ao aumento significativo da expectativa de vida das pessoas e, desta feita, é mais provável que ao longo da vida o indivíduo atue em diferentes e variados postos de labor, que suas colocações se modifiquem, oportunidades surjam e outras desapareçam.
A pandemia de Covid-19 promoveu mudanças significativas, tal como o aumento de trabalhos executados em regime de “home-office”, que trazem como desafio a necessidade de separação entre vida privada e laborativa, tempo de execução dos serviços e tempo de descanso e lazer, assim como aspectos relacionados à ergonomia no trabalho.
O trabalho em domicílio apresenta desafios dispares em relação ao exercido na empresa, pois pressupõe o desafio de autogestão da jornada de trabalho.
A reordenação nos modos de se trabalhar é um desafio do presente e cria a necessidade de que se instituam novos pactos. O futuro do trabalho clama não apenas por maneiras de repactuação entre o “velho” e o “novo” como pelo desafio de ganhar dinheiro e lidar com profissões novas e diferenciadas ocupações.
O mundo está em constante mudança, porém a velocidade do reinventar-se diante de novas tecnologias é indispensável. No passado também as mudanças foram desafiadoras, pois a máquina à vapor, o telefone, a prensa móvel e várias outras invenções modificaram o modo de conformação da sociedade, ou seja, mudanças paradigmáticas sempre ocorreram, porém, hoje tudo se opera de modo disruptivo e veloz em demasia.
Surgem também novas oportunidades, nichos de labor. Inovar e criar são palavras de ordem. O desafio é que novas profissões exigem técnicas renovadas e, para isto, é necessário capacitar a mão-de-obra, oferecendo ensino de qualidade e oportunidades de modo amplo.
Uma perspectiva interessante seria que as “novas tecnologias” abolissem os labores injustos, indignos e excessivamente perigosos. Enfim, que aperfeiçoassem de fato a vida das pessoas, concedendo maior tempo de lazer, vida inteligente e descanso ao propiciar oportunidade para que realizassem o que gostam e, assim, se permitisse um viver mais aperfeiçoado, quiçá feliz.
(*) Daniela Rodrigues Machado Vilela é doutora, mestra e especialista em Direito pela UFMG. Residente Pós-doutoral pela UFMG / FAPEMIG. Professora convidada no PPGD-UFMG. Diletante na arte da pintura.