
Acidente na rodovia de Santa Luzia, região metropolitana de BH - créditos: divulgação
21-09-2025 às 14h14
Samuel Arruda*
Dados da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) apontam que, de janeiro a agosto de 2025, Minas Gerais registrou 204.722 acidentes de trânsito no estado. Desse total, houve 1.436 mortes. Em Belo Horizonte, foram contabilizados 57.901 acidentes nesse período.
Entre causas frequentes estão imprudência, excesso de velocidade, uso de celular ao dirigir e consumo de álcool.
Os dados são positivos com queda em trechos com radares. O DER-MG (Departamento de Estradas de Rodagem) registrou uma queda de 77% no número de acidentes em rodovias estaduais onde há controle eletrônico de velocidade, entre 2011 e 2022. Em alguns locais específicos, a redução chegou a 100% após instalação de radares — por exemplo, na rodovia MG‑235 em São Gotardo, ou no trecho da MG‑455 em Andradas.
Existe estudo aprofundado de políticas preventivas. Um levantamento da SES‑MG e do Corpo de Bombeiros analisou mais de 2 milhões de registros de acidentes entre 2019 e 2025. Ele mostra que ~70% dos acidentes ocorrem em áreas urbanas, mas que as rodovias continuam sendo as mais letais — com risco de morte cerca de 2,7 vezes maior nessas vias. O estudo também identifica grupos vulneráveis: jovens entre 20‑29 anos têm alta incidência, homens representam 71% das vítimas.
A transparência de dados é observada pela SES‑MG que disponibilizou no Portal de Dados Abertos informações sobre óbitos por acidentes de transporte terrestre (ATT) desde 2010, com atualização de perfil sociodemográfico, classificações como pedestres, motociclistas, ocupantes de automóveis etc. Esse tipo de transparência é essencial para monitoramento, responsabilização pública e formulação de políticas.
Desafios e pontos negativos:
Houve aumento geral de acidentes em 2023; foram registrados 38.698 acidentes nas estradas estaduais de Minas Gerais, o maior número desde 2019. Comparado a 2022, houve aumento de 12,4% no número de acidentes estaduais. As vítimas fatais, porém, tiveram ligeira queda em comparação a dois anos antes, mas ainda permanecem altas em número absoluto.
Alta letalidade em rodovias estaduais, com taxa de mortalidade nas estradas estaduais preocupante: em 2023, a cada 14 acidentes ocorridos em estradas estaduais, um resultava em morte (≈ 7,14%). Em rodovias federais, esse risco era menor (1 óbito a cada 28 acidentes).
Além do custo humano e material elevado, além do número de mortes e feridos, existe um grande impacto econômico. Em rodovias federais, Minas liderou o ranking de custos dos acidentes em 2022, com R$ 1,69 bilhão só no estado.
O comportamento humano ainda é a maior causa. Cerca de 47,9% dos acidentes de trânsito em Minas Gerais entre janeiro de 2023 e agosto de 2024 foram atribuídos à desatenção do condutor. Comportamentos de risco persistem, como dirigir usando celular, dirigir alcoolizado, ou infringindo limites de velocidade.
A Semana Nacional do Trânsito serve como momento de reflexão e mobilização pública. Em Minas Gerais, os dados mostram melhorias pontuais — como o efeito benéfico de radares em trechos críticos — além de avanços na coleta e divulgação de dados. Mas os números destacam que ainda há muito a fazer: reduzir acidentes em estradas estaduais, diminuir a letalidade, atuar sobre os fatores humanos de risco e investir em educação, fiscalização e infraestrutura viária.
Para seguir avançando, é fundamental combinar: fiscalizações mais rigorosas, especialmente nos horários e locais de pico; campanhas educativas contínuas, voltadas sobretudo para jovens e motoristas de risco; investimentos em sinalização, pistas seguras, acostamentos, manutenção rodoviária; política pública integrada entre Governo, municípios, saúde, trânsito, polícia e sociedade civil.
*Samuel Arruda é jornalista
Fontes: DER-MG, Secretaria de Estado de Segurança Pública, Detran-MG