Saudade da dignidade
No texto de hoje o autor aponta as cinco maiores mentiras de difusão por todo o território nacional, claro, levadas pelos meios de comunicação
11-02-2024 às 8h:18
José Altino Machado*
Nem há muito tempo escrevi que cinco seriam as grandes mentiras de alcance e difusão nacional; pelo menos diziam, “à boca miúda”, serem apenas este número. Porém, a este, com grave contaminação de nossos meios de comunicação, nestes novos tempos “jurídicos democratas”, parece que se romperam as bolsas das maldosas aleivosias, acompanhadas por fugas de dignidades e responsabilidades informativas.
Mas, como refresco à memória, nada custa relembrar quais seriam as tão difundidas cinco.
Correndo a frente sempre a falada valentia do gaúcho, que segundo dizem, só é brabo em casa ou quando em bando; quando só, afina, veste bombacha vai para Centro de Tradição Gaúcha e dança a Chula adoidado.
Na segunda posição, lá se encontram os paulistas que dizem trabalhar muito, embora deixando controvérsias com a verdade, por haver os que afirmam que quem construiu aquele Estado foram imigrantes japoneses e nordestinos e até por isso o PT é de lá.
A seguir, a alegria dos cariocas, tadinhos. Todos fofocam país afora que risadas e sorrisos de manifestas alegrias, são dos turistas e que os verdadeiros cariocas estão circulando ao constante trabalho em trens de subúrbios, metrôs e ônibus lotados. Toda graça é mesmo só de quem passa.
A quarta colocada está até meio definhando, sem alívio meu, por ser também deste meio de Brasil. Diziam, diziam, não eu, que mineiro tem dinheiro, tanto que até o esconde embaixo do colchão e criam bancos. Aí eu atesto mesmo que não é verdade. Os bancos, os folgados paulistas compraram e levaram tudo, quanto embaixo de colchão, nem pensar, estão agora ortopédicos e muito pesados para se levantar.
Por fim, por ser o mais feliz Estado da Nação brasileira, vem à Bahía, correndo de boca a ouvidos, se dizendo ser um mentirão danado o turismo de lá. Falam mesmo que é caro até para cachorro e quem sai sempre feliz são os festeiros e cantores daquela terra de Nosso Senhor do Bonfim. Já aviso que nego, jamais falei isso nem penso, pois, uma única vez entrevistado, disse que na Amazônia só não tem baianos e respondendo o porquê, esclareci que por motivos óbvios, de se ter que dormir e acordar cedo, por não ter trios elétricos, sendo o pior, ter que se trabalhar. Pronto, me xingaram todo e minha mãe que nada teve com isso, sofreu horrores lá no céu, com o que dela falaram.
E a tais soberbas mentiras e galhofas, sempre aconteceram respeito, sendo atribuídas apenas a jocosas sacanagens entre brasileiros “invejosos” uns dos outros, sendo que jamais profissionais das comunicações ousassem sequer citá-las a qualquer fim.
Imprensa, tempos e homens mudaram, e como...
Grandes capitais e até nações outras têm hoje usado e abusado da capacidade de nossos meios de comunicação em validarem mentiras verdadeiras e de fácil comprovação da maldade mentirosa. O credo do nazista Goebbels, anda sendo bem aplicado em nosso País, “inverdades bastante repetidas à massa se tornam verdades”. E lá na longínqua Alemanha tudo acontecia por doutrina política, aqui não, é só malandragens e questões econômicas.
Mas, faço como sempre tenho dito, apesar de pequena, a minha parte tentando esclarecer. As prejudiciais mentiras que tomaram vulto por assento cativo e uso do aval de bons profissionais em nossa imprensa.
Há dois anos acho, em um programa de importante emissora, “Direto ao Ponto”, entrevistado, afirmei que o questionamento não tão verídico sobre a Amazônia, por europeus, principalmente do senhor presidente francês, seria o temor de abertura de mais aquela espetacular fronteira agrícola do planeta. Disse mais, O BRASIL CHEGOU, a Europa com economia industrial ultrapassada, só lhes resta firme o campo e nosso país de baixos custos e maior equilíbrio climático irá com certeza também tolhê-los nesta atividade. Isto, há dois anos, vejam hoje o que pouco tem dado nos meios de comunicação, mas já dá a entender, os protestos com tratores, naqueles países, principalmente, o do Macron.
Por outro lado, na imprensa escrita, que também ousei citar no mesmo programa, o maior jornal até então impresso no país, publicava seguidas matérias com desarranjos, poluições e merdas arranjadas por trabalhadores recorrentes à Amazônia, principalmente junto a comunidades indígenas. No caso sempre os Munduruku. Entretanto, honestamente, o próprio repórter, não sei se jornalista, confessa na matéria publicada, que ao chegarem à “desgraceira” como a viram, eram os próprios índios que lá estavam trabalhando, e mais, ao pé da página o jornal dizia que as despesas tantas pela “reportagem” foram pagas por Ong norueguesa.
Bom, quanto a isso, até os presentes dias, o maior desastre ecológico na Amazônia, foi exatamente proporcionado por empresa daquele país e ainda é continuado até os dias de hoje seus altos riscos; nada como a alumina ou celulose para desgraçar com tudo... Tá explicado e a séria imprensa bem muda. A grande rede de televisão ou mesmo a revista de maior circulação, não buscando verdades, se tornam mais que mudas e cegas, coniventes por omissão.
Semana atrasada, se permitiram ultrapassar limites do correto e da dignidade profissional. Num sábado, entra revista com uma última página, com absurdas informações de poluição mercurial oriunda de garimpos. E desta vez, citando não o cientista Bastas da Fiocruz (ainda troco esse “A” por um “O”), mas um médico de Santarém, quando nenhum dos dois possuem compromisso com a verdade científica, porém adoram um recurso extra. Por citar isso, em breves tempos passados, um outro esperto, catedrático universitário conseguiu numa boa, arrancar alguns milhões de nosso governo com o papo de retirar mercúrios garimpeiros dos rios Madeiras e Tapajós, pqp, (novo vocábulo presidencial); esperto o professor.
Não ficando atrás, incentivada pelo “vejeiro”, a grande rede de televisão exibe em seu informativo maior, matéria de anos passados, produzida por Ong internacional, como acontecimento do momento, sobre a contaminação de índios munduruku, porém com nova mentira enorme, o que diziam haver 200 contaminados, nesse novo remake, puxado pelo articulista da comunicação impressa, já informa a sociedade que são mais de 20.000; (por acharem fácil o zero, o acrescentam à vontade).
Ao leitor leigo, bom que saiba, que este mercúrio encontrado em águas, peixes carnívoros e na Dona Marina Silva, um metil originado por ações vulcânicas andinas, e nesta era impregnando solos, rios e árvores, é inerente à Amazônia, bem diferente do metálico, há milênios utilizado na mineração.
Seria interessante e útil a sociedade, que se encontrando de férias no Brasil, cientista de renome internacional e prestador de serviços a ONU neste setor, pudesse ser ele consultado, ou quem sabe entrevistado por estes agentes, filhotes do Pinóquio.
Quanto a mim, estarei sempre disposto a responder em qualquer fórum, ou mesmo juízo, que as afirmações deles endossadas por grandes meios de comunicações são irresponsáveis, levianas, com propósitos a criarem pânico social, sendo ASSOMBROSAS MENTIRAS, e bastantes prejudiciais àqueles que trabalham honestamente, com a cultura recebida e ao próprio país.
O país se ressente, até com saudade, da dignidade e seriedade informativa de alguns senhores de nossa imprensa, como Roberto Pompeu, Roberto Marinho, Samuel Wainer, Fernando Sabino, David Nasser, Eurípedes, Santana (JB), Zuenir e muitos outros do passado, quando os homens cuidavam jamais agasalhar ou difundirem informações tendenciosas...
BH/GV/Macapá
11-02-2024
*José Altino Machado é jornalista
3 comentários
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Muito bem colocada a crônica. Os pseudo cientistas nunca fizeram análises isotópicas de mercúrio em peixes para concluírem que o metilmercurio vem das operações artesanais. Existem milhares de locais na Amazônia sem garimpos onde os peixes são altamente contaminados por mercúrio natural ou da atmosfera que por milhares de anos se depositam nos solos. Mas isto não interessa aos pseudo cientistas que faturam económica e politicamente com a poluição. Será que a queima de dragas legais de trabalhadores é a solução? Nunca o governo levou métodos mais limpos aos artesanais. São 3 milhões de pessoas que vivem direta e indiretamente da atividade de mineração de ouro na Amazônia. Será que a solução seria tira-los de lá para viverem em favelas nas grandes cidades?
No passado lia coluna do Zé Altino na Folha. Parabéns ao Diário de Minas pelo jornalismo independente
Ze Altino deveria ser mais conhecido pelo país. Sabe das coisas, conhece as verdades e as diz.