
Créditos: Divulgação
12-08-2025 às 10h00
Marcelo Barros*
Entre ventos alísios e correntes estratégicas, o Saliente Nordestino se ergue como um bastião natural. Agora, ele também se torna o núcleo de um esforço brasileiro para expandir a Defesa Antiacesso e Negação de Área (A2/AD), diante da intensificação da disputa geopolítica e militarização por potências externas no Atlântico Sul.
Capacidades e tecnologias A2/AD no contexto brasileiro
A Defesa Antiacesso e Negação de Área (A2/AD), tradicionalmente associada a potências militares globais, passa a ganhar espaço nas estratégias brasileiras. No caso do Saliente Nordestino, isso significa integrar sistemas de vigilância aérea e marítima, radares de longo alcance, aeronaves de patrulha, navios escolta e submarinos, além de vetores de ataque como mísseis antinavio e sistemas costeiros de defesa.
A posição geográfica do saliente, avançando sobre o Atlântico, permite um campo de detecção e resposta antecipado contra ameaças. Com o reforço de bases navais e aéreas na região, o Brasil amplia sua capacidade de controlar o tráfego marítimo e aéreo, impondo custos operacionais e logísticos para qualquer força hostil que tente se aproximar.
Impacto geopolítico da postura A2/AD
O fortalecimento da postura A2/AD no Atlântico Sul envia um recado claro: o Brasil está disposto a defender sua Amazônia Azul e as linhas de comunicação marítimas vitais para sua economia. Em um cenário de crescente interesse de potências externas pelas riquezas minerais, energéticas e estratégicas da região, a capacidade de negar acesso funciona como elemento de dissuasão.
Além disso, o posicionamento proativo fortalece a autonomia estratégica brasileira e aumenta seu peso nas negociações internacionais sobre segurança marítima. Isso também contribui para preservar o Atlântico Sul como zona de paz e cooperação, conforme estabelecido pela Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS).
O Saliente Nordestino como ponto-chave estratégico
Historicamente, o Saliente Nordestino serviu como ponte natural entre a América do Sul, a África e a Europa, sendo utilizado em operações militares e comerciais desde o período colonial. Hoje, sua importância se multiplica, pois ele é o ponto mais próximo das principais rotas de navegação intercontinentais.
Ao investir em infraestrutura militar, capacidade logística e sistemas de vigilância na região, o Brasil não apenas protege seu litoral, mas também cria uma plataforma avançada para operações de busca e salvamento, combate a ilícitos transnacionais e monitoramento de atividades militares estrangeiras. O saliente, assim, consolida-se como um ativo estratégico de primeira ordem para a defesa nacional.