
Créditos: Gov.br
24-09-2025 às 10h34
Direto da Redação*
De fato, o agro brasileiro é colossal, como disse o jornalista Ricardo Amorim, porque vai obter na próxima safra de soja 170 milhões de toneladas, a maior do mundo. Maior que a dos Estados Unidos, que ficará em segundo lugar.
Essa notícia recebida sob a ótica econômica, tudo bem, é um resultado estrondoso, mas se considerado também os aspectos sociais e ambientais, quem enche as burras são só os grandes produtores, principalmente o de soja, para engordar animais na china e noutros países.
O momento é de questionar o quanto os grandes produtores de soja distribuem de renda aos mais necessitados ou só enchem as contas bancarias e a cada safra estão mais ricos ainda.
Quantos rios secaram porque estão sofrendo com o escape de suas águas para os lençóis freáticos usados excessivamente para irrigar as extensivas culturas de soja. Os grandes agricultores só enxergam pela frente os cifrões em dólar e não cuidam da chamada “galinha dos ovos de ouro”.
Quando as águas acabarem, porque a vegetação do Cerrado, que alimenta os rios, for destruída na tarefa de “limpar a área”, o Brasil e o mundo irão enxergar a maneira que os agricultores produziam sem nenhum compromisso com as questões humanos e o ambiente do qual eles e todos nós dependemos.
O Estado do Mato Grosso sozinho produzirá 51 milhões de toneladas, safra maior do que a de um país como a Argentina, considerada o terceiro maior produtor mundial.
O Mato Grosso irá colher 55 milhões de toneladas de milho, mais que o dobro de 10 anos atrás. E o porquê de tudo isto? É a produtividade, que desde a década de 1970 começou a crescer 3% no primeiro ano, acima da média histórica da produtividade da economia norte-americana, com apenas 2% ao ano.
A propósito dessa colossal safra, convém lembrar que no passado, o agro absorveu muita mão de obra em todas as vezes da produção, mas, atualmente, tudo está praticamente mecanizado. A colheita, que certamente usaria mais mão de obra, as máquinas potentes fazem praticamente tudo com um peão são operando cada uma.
Entretanto, o valor bruto da produção agropecuária de MT alcança os R$ 230 bilhões, considerando lavouras e proteína animal. Evidentemente há que respeitar e admirar, e o alerta para os cuidados sociais e ambientais são gratuitamente, por parte de quem espera um agro muito mais forte ainda e consciente de suas responsabilidades.
E assim o Brasil vai ostentando a bandeira de ser o celeiro do mundoA trajetória aponta para ganho de relevância global do Brasil como celeiro do mundo, com tecnologia, eficiência e escala.
Em tese, o agro brasileiro é resultante do trabalho de pequenos, médios e grandes produtores. Só que pequenos e médios produtores não devem estar ocupando a “Fábrica de Carga”, em inglês Load Factor das companhias do Mato Grosso de 85% a 90%, são os grandes que lucram e detonam o meio ambiente. Os aeroportos estão lotados todos os dias.
Depois de tudo vem uma questão de grande importância que precisa ser contemplada, sobre produzir isso tudo a que custo social e ambiental? Para onde está indo a distribuição da riqueza? Isso tudo precisa ser mencionado e analisado. Não basta apenas uma análise de eficiência econômica de produção. Isso tem seu lugar, mas é necessária uma visão mais holística de questões ambientais e sociais que acompanham esse quadro econômico.