Direto da Redação

19-11-2022

10h:36

Uma repentina disparada de casos de covid-19 acontece também em Minas Gerais, concomitantemente com São Paulo, e tudo indica que o recrudescimento da doença está relacionado com os 40 milhões de negacionistas e 90 milhões de pessoas que tomaram só duas doses e por isso ficaram desprotegidas.

O temor daqui para frente está relacionado com a concentração de torcedores em certos locais para assistência pela televisão dos jogos da Seleção Brasileira na Copa do Mundo, no Qatar.

Segundo boletins epidemiológicos da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), foram registrados 509 casos de covid-19 em Minas, dando uma média diária de 100 casos, no período de 11 a 16 deste mês. Entretanto, só no dia 17, quinta-feira, o registro foi de 1.047 testes positivos de covid-19.

Todavia, é possível que uma parte dos casos esteja acumulada devido a feriados e acabou entrando no levantamento de novembro. Isso não está descartado, mas convém todos se cuidarem porque o vírus em circulação está potencializado, podendo ser a subvariante da Ômicron BQ.1.

Em virtude dessa nova onda da covid-19, todos os cuidados recomendados e que foram praticados nesses últimos dois anos, devem ser tomados, principalmente o uso de máscaras e a vacinação.

Em Minas cresce a vacinação de crianças de seis meses a dois anos de idade. O Estado recebeu um lote contendo 95 mil doses da Pfizer para aplicação.

Quem pensava que estávamos livres da doença, tudo indica que veio para ficar e é sociedade que deve se cuidar, inclusive os negacionistas.

CARTA À EXCELENTÍSSIMA SENHORA COVID-19

Alberto Sena

Excelentíssima senhora covid-19,

Com todo respeito merecido, tomo a liberdade de lhe escrever esta carta para propor a senhora uma trégua – pelo menos uma trégua – nesta guerra que já consumiu com uma quantidade enorme de vidas humanas preciosas, aqui e no mundo inteiro.

A senhora haverá de convir comigo, esta é uma luta desigual. Se houvesse placar, seria a seu favor, em que pese as milhares de pessoas que foram contaminadas e se recuperaram. São heróis e heroínas. Mas, repito, a luta é desigual. Posso dizer, covarde. Sabe por quê?

Enquanto a senhora tem toda a liberdade de ação, porque é invisível, as vítimas humanas são visíveis e atacadas de surpresa ao dobrar uma esquina, por exemplo, ou ao entrar em algum ambiente fechado.

Se alguém infectado der um espirro sem tomar os devidos cuidados, pronto! Muitos poderão ser contaminados.

Até procuro entender o seu lado como pandemia, embora ainda não tenhamos informações críveis sobre a sua natureza e origem.

Dizem que a senhora veio da China, trazida pelos passageiros em aviões de carreira usados pela classe média alta para viajar.

A senhora é doença de gente rica, posso dizer assim, mas está a matar muitos pobres indefesos.

Apesar de tudo, dessa quantidade de mortos por sua causa, olho, mesmo sem enxergá-la, o seu lado positivo.

Sim, a senhora fez com que o mundo parasse para refletir sobre o descompasso da Humanidade.

Em verdade, o seu surgimento foi a materialização da profecia feita há mais de 42 anos pelo cantor e compositor Raul Seixas.

Ele fez uma música com uma letra de meter medo, mas à época ninguém desconfiou de nada, acharam que era “loucura dele”.

A Terra parou.

A Humanidade deixou de despejar na atmosfera monóxido de carbono, porque os carros, no primeiro momento, quase pararam de rodar.

Em pouco tempo, o buraco na camada de ozônio simplesmente desapareceu, porque os gases de toda ordem foram suspensos, graças à presença malfazeja da senhora em nossas vidas.

As pessoas redescobriram o prazer de estar em casa.

Claro, nem todos gostaram da ideia, principalmente quem não tem ambiente em casa.

Mas quem gosta de ficar em casa, como é o meu caso, achou bom esse isolamento.

Todavia, senhora covid-19, peço a sua compreensão porque não podemos viver eternamente sob o seu jugo.

 A vida pede passagem.

As pessoas precisam trabalhar para assegurar o pão de cada dia, mas estão sendo impedidas devido à sua fúria assassina.

Chega! É preciso pôr um basta nisso.

Estamos usando máscaras e será que teremos de usá-las sempre?

Há vacinas à vista, e, acredito, isso poderá nos assegurar um “salvo conduto”, mas não podemos viver sob o seu tacão.

Sei que não há como retomar o “modus vivendi” de antes. E é justamente por isso que venho tratar com a senhora uma trégua.

Claro, vou continuar tomando todos os cuidados, entrincheirado, mas preciso botar os pés para fora a fim de viver.

Que a senhora faça o favor de ir para o raio que a parta.

Se a sua invasão foi para alertar a Humanidade sobre os perigos do viver essa globalização apenas econômica, acho que a lição foi apreendida e, por favor, dê a mim e a todos nós uma trégua.

Desculpe-me pela ousadia de lhe escrever.

Aguardo sua resposta o mais breve possível.

Eu e os meus semelhantes temos pressa em salvar vidas.

*Editor Geral.