Quem planta na juventude, cuida de si, colhe os frutos quando a velhice chega
Esse cuidar é individual e intransferível, ninguém pode fazer exercícios para o outro colher os resultados. Deixar para depois, talvez já não tenha tanto jeito, porque começou atrasado.
26-12-2022
17h:19
Anes Otrebla*
Quando fiz 70 anos de idade, um querido amigo meu, de 69 anos de idade, enviou-me uma mensagem em tom de lamento, dizendo:
- Que chato, estamos entrando nos “se-tenta...” e teceu outros lamentos, que não convém ao caso.
Disse-lhe:
- Que nada, cara, a vida começa aos 70 anos, deixa de ser bobo e viva a vida enquanto está vivo.
- ?! – Deu um branco do outro lado da linha e eu não sabia se era sinal de interrogação ou exclamação.
Então disparei nele toda a minha carga:
- Nunca criei tanta coisa dentro do meu ramo, companheiro, e tenho muito mais por criar, até quando Deus quiser. Para com esse desânimo! Eu vivo a idade que tenho. Cuide-se.
O referido amigo é uma pessoa instruída, mas como não sei do dia a dia dele e do que se passa com ele, talvez tenha lá os seus motivos para pensar assim, quando podia estar pensando o contrário.
Mas o leitor deve estar se perguntando por que cargas d’água estou tratando deste tema. Então, se me permite, eu explico: é que encontrei no You Tube, ontem, um vídeo com ditos judaicos, e dentre os vários ali apresentados, destaquei um.
Leia: “Para o ignorante, a velhice é o inverno; para o instruído é a estação da colheita”.
Não é interessante? Eu achei. E estou utilizando o dito como se diz na linguagem do Direito Penal, “em legítima defesa putativa”, que noutra interpretação é a mesma coisa de o camarada reagir achando que será atacado.
A primeira parte do dizer acima – “Para o ignorante, a velhice é o inverno” – assenta bem para a pessoa que não cuidou de si mesma dentro do prazo necessário, quer dizer, na juventude.
Em tempo, li uma frase que norteou o meu viver: “É na juventude que a gente se prepara para a velhice”.
Indo à segunda parte da frase, “para o instruído é a estação da colheita”.
E é a mais pura verdade, porque quem soube se cuidar na juventude agora pode colher os resultados do investimento. Afinal, este é o período da vida mais comprido.
Quem investiu em si mesmo e se encontra aos 70 anos ou mais poderá me dizer em comentários se está ou não colhendo os frutos do investimento feito lá atrás e ainda continua a investir, até não poder mais.
Por tudo já vivido, a minha gratidão a Deus é sem tamanho. Não desejo reviver nada. O importante para o momento é ter consciência e o gosto de viver a vida com alegria, sempre no presente.
Porque sei, tudo passa.
*Jornalista e escritor.