
Mark Gladston Verono - créditos: divulgação
23-10-2025 às 16h00
Soelson B. Araújo*
Em 23 de outubro de 2006, o tempo fez uma pausa — e, por um instante, o silêncio pareceu mais pesado. Mas logo, de algum lugar entre as montanhas de Minas Novas e o infinito, uma nova melodia começou a nascer. Era a voz de Mark Gladston Verono, que não se calou: apenas mudou de morada.
Mark foi muito mais que compositor. Foi a promessa dos céus sobre um gênio das letras, o poeta do Vale, que traduzia a vida em raras e belas melodias, um artista que transformou a simplicidade do cotidiano em arte e emoção. Sua música tinha o perfume da terra molhada, o ritmo do vento no Jequitinhonha e a luz de quem enxergava beleza onde poucos viam.
De menino sonhador a artista consagrado, Verono carregou consigo o som de um povo inteiro. Foi ele quem deu forma e voz ao hino do Vale, “Jequivale”, uma canção que não é apenas música — é pertencimento, é memória, é a alma coletiva transformada em harmonia.
Com ela, conquistou o Festival da Canção de Turmalina, levando o primeiro lugar e marcando para sempre seu nome na história cultural da região. Mas a maior conquista de Mark não coube em troféus: foi o amor de quem se reconheceu em suas palavras, o abraço do público que via nele um reflexo de si.
Sua trajetória foi curta, mas intensa como uma estrela cadente — dessas que riscam o céu por segundos e iluminam para sempre a memória de quem as viu passar.
Aos 26 anos, ele partiu, deixando ecos de ternura, coragem e arte. Cada acorde seu é um convite à vida, um lembrete de que a eternidade começa quando alguém canta com o coração aberto.
Hoje, o Vale do Jequitinhonha ainda o ouve. No murmúrio dos rios, no batuque das festas, no silêncio das manhãs.
Porque há vozes que o tempo não apaga.
Há músicas que o destino não encerra.
E há artistas — como Mark Gladston Verono — que ensinam o silêncio a cantar.
“Corra, grite, não duvide, existe outro lugar ao sol…” Como diz Gilberto Gil.
*Soelson B. Araújo é empresário, jornalista, escritor e músico