
Soelson Araújo,, Ceo do Diário de Minas, Cassio Soares, dep. estadual, presidente do PSD de Minas, Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, Gil Pereira, deputado estadual da ALMG - créditos: divulgação
16-09-2025 às 09h50
Samuel Arruda*
O PSD de Minas Gerais vive um momento de tensão política, marcado por disputas internas e movimentações estratégicas que antecipam o cenário eleitoral de 2026. A divisão entre duas alas do partido ficou evidente durante o Encontro Estadual de Prefeitos e Prefeitas do PSD, realizado em Belo Horizonte nesta segunda-feira (15) no hotel Mércure. A ausência das principais lideranças federais da legenda, aliada à presença inesperada do vice-governador Mateus Simões (Novo), sinalizou mudanças no tabuleiro político mineiro.
De um lado, estão o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que representam a ala alinhada ao governo federal e têm apoio do diretório nacional do partido. Pacheco é cotado como pré-candidato ao governo estadual em 2026, e seu grupo defende a manutenção da aliança com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Do outro, ganha força a articulação liderada pelo deputado estadual Cássio Soares, presidente estadual do PSD em Minas, que parece apostar em uma alternativa à candidatura de Pacheco — entre elas, o nome de Mateus Simões, vice-governador e atualmente filiado ao partido Novo, mas em conversas com setores do PSD.
Evento evidencia distanciamento e novas aproximações
A ausência de Pacheco, Silveira e o deputado federal Luíz Fernando no evento estadual foi sentida. Embora não oficialmente justificada, ela ocorreu em meio a um contexto de indefinições internas sobre o rumo do partido em Minas. Enquanto isso, Mateus Simões fez uma aparição surpresa, não prevista na programação oficial, sob o argumento de “prestigiar um partido que integra a base do governo Zema”.
Em discurso conciliador, Cássio Soares tentou conter especulações sobre um possível racha: “Não é o momento de discutir eleições. Temos que olhar para os problemas do presente”, afirmou.
Já o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, buscou minimizar as divergências. Segundo ele, o partido conta com “duas opções de qualidade” para disputar o governo mineiro — Pacheco e Simões — e reforçou que a decisão será tomada “no tempo certo, com diálogo”. Apesar de negar um racha institucional, Kassab reconheceu a existência de correntes distintas no PSD mineiro.
Disputa por protagonismo e possíveis desdobramentos
A movimentação de Simões — inclusive com a possibilidade de migração partidária — é vista como tentativa de ocupar espaço em um cenário em que a candidatura de Pacheco ainda não está consolidada. Sua entrada oficial no PSD poderia redesenhar as forças internas do partido.
Para observadores, a ala liderada por Cássio Soares tende a se alinhar mais diretamente ao governo estadual, buscando uma alternativa à hegemonia de Pacheco dentro da sigla. Enquanto isso, Pacheco continua respaldado nacionalmente e tem força institucional, embora mantenha distância pública das discussões locais por ora.
Análise: PSD em busca de equilíbrio entre governo federal e estadual
O caso mineiro reflete uma dinâmica comum em partidos grandes: disputas internas por espaço e influência, especialmente quando se aproxima o ciclo eleitoral. No PSD de Minas, esse embate se dá entre os interesses federais e estaduais, com um fator adicional — a possível entrada de um nome de fora, como Simões, na corrida pela candidatura.
A ausência de Pacheco, Silveira e o deputado federal Luíz Fernando no evento pode indicar estratégia de contenção de danos ou hesitação em relação ao processo interno. Já Kassab atua como figura moderadora, tentando manter o partido coeso e evitar um racha antes do prazo legal de definições eleitorais.
Com as eleições de 2026 no horizonte, o PSD mineiro seguirá como um dos palcos mais observados da política estadual — com disputas, realinhamentos e negociações que podem definir os rumos da legenda no estado e sua relação com os poderes estadual e federal.
*Samuel Arruda é jornalista