Prazo de Validade
Há famílias que guardavam remédios no armarinho do banheiro, o pior lugar, considerando-se que não devem ser submetidos a grandes variações de temperatura
28-03-2024 às 16h:15
Mara Narciso*
O termo tem mais de uma interpretação, algumas utilidades e destaque ao prazo de validade dos medicamentos. Vender remédios vencidos é crime de consumo autuado pela Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária - com sequestro do material, multa e até fechamento do local.
O descarte de remédio vencido segue uma legislação específica. Assim, hospitais e consultórios médicos contratam serviço especializado para recolher o produto vencido e fazer o descarte seguro para não contaminar pessoas, animais, solo e lençol freático.
Há algumas décadas, as famílias guardavam remédios no armário do banheiro, o pior lugar para se armazenar esses agentes químicos, considerando-se que não devem ser submetidos a grandes variações de temperatura e umidade, tudo que existe dentro de um banheiro. Enquanto houvesse uma gota no frasco, ficava à disposição.
Nos Estados Unidos, desde 1979 é exigido prazo de validade nas embalagens dos medicamentos para garantir o efeito desejado, sem aumento da nocividade à saúde. Entretanto, o Exército Americano pediu um estudo ao FDA – Food and Drug Administration, para verificar o risco do uso de medicamentos vencidos há anos. Concluiu-se que a ação prevista permanece, sem negar a possibilidade de mais efeitos adversos, desta forma, não há perda completa da eficácia e o que está ali não se transformou, propriamente, em um veneno. Há quem suspeite que os laboratórios visam mais lucro ao dar obrigatoriedade ao vencimento e ao descarte.
Segundo a Anvisa, após estudos e experimentos, encontra-se o período em que aquela droga mantém suas características farmacológicas de estabilidade, previsibilidade, efetividade e segurança, assim o prazo de validade indica a data-limite, isto é, até quando o medicamento mantém suas propriedades como eficácia e qualidade, se conservado de acordo com o fabricante.
Para além dos prazos dos remédios, que poucos ousam desobedecer, os alimentos empacotados trazem em sua embalagem uma data, assim são comuns vendas pela metade do preço de produtos em vias de vencer. As fraudes de trocas de etiquetas não são raras, e tais crimes têm penas duras.
Os relacionamentos humanos não têm tempo máximo de duração, e vão de horas a décadas, sem estipular limite. O ser humano, no entanto, tem um encontro marcado com a morte, só não sabe a data. O segundo amarra o primeiro. Além da idade limite, cravada arrogantemente nos cem anos, sendo que apenas alguns dos idosos de 90 anos conseguem andar com desenvoltura, existe a vida útil, entendida como a data final em que a pessoa é dona da sua vida, destino, renda, comida e moradia, tudo aos seus cuidados.
Em quatro palavras: autonomia, liberdade, independência e privacidade. Depois da terceira idade, a cada período se perde algum desses domínios.
Ainda não atingimos a esperança de vida ao nascer de antes da pandemia, que era de 76,8 anos, e desde 2023 está em 75,5 anos. Para melhorarmos nosso índice, devemos nos vacinar, alimentar e exercitar conforme diz a ciência.
*Mara Narciso é jornalista, escritora e médica aposentada, integrante da Academia Feminina de Letras e Academia Montes-clarense de Letras.
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