
Músico Calixto e seu instrumento de trabalho - créditos: Alberto Sena
20-10-2025 às 08h42
Alberto Sena*
Quem transita pela Savassi, em Belo Horizonte, pode se encontrar com Wagner Calixto e o seu inseparável sax em alguma esquina.
Hoje, ele estava próximo de uma farmácia, mas nada tinha a ver com ela. Ele toca por prazer, e, é claro, com a intenção de que o ouvinte que passa deixe uma verba de reconhecimento.
Calixto é uma prova viva de quem fez a si mesmo, embora tenha herdado do pai o dom de tocar instrumentos musicais.
O pai, segundo ele mesmo disse, era boêmio, ao contrário dele, que trata a música como meio de assegurar a sobrevivência e é estudioso dela para continuar a sua sina de tocador.
Nesta fase, ele pode estar em alguma esquina da Savassi a tocar com maestria o sax presente de uma irmã dele. Contou que tocou um dia flauta e em poucas horas recebeu o reconhecimento do público por meio de R$ 350.
Calixto é casado, 61 anos. Ele não sobrevive só com a música, pois tem também pendores culinários e divide o seu tempo de três maneiras, com a família, a música e a culinária.
Vale o prazer de parar alguns minutos só para ouvir o sax tocado por Calixto, que, além de bom músico é simpático e tem uma prosa musical para trocar com qualquer um que parar para ouvi-lo.
Ele começou a estudar música aos 13 anos de idade, escondido da avó, que atribuía a música ao fato de o filho dela e pai dele passar madrugadas fora de casa. O pai era assim, mas o filho é o contrário, inclusive dá aulas de música para quem se interessar.
Durante sete anos, como ele disse, foi convidado pela Federação das Indústrias para dar aulas de música na banda do Senai. Pelo que pontuou, com toda empolgação, a vida e a música são uma coisa só, principalmente porque ele está convencido de que no Universo existem só três coisas: “Vibração, frequência e energia”.
Teve uma vez, no Bairro Anchieta, onde ele tocava na rua, uma mulher depositou na caixinha dele uma nota de R$ 100, dizendo que devia a vida dela a ele, porque acordou com a intenção de se matar e ao ouvir Ave-Maria que tocava, ela desistiu da intenção.
Veja na foto de Calixto o nome dele e o telefone no cartaz que o acompanha. Pelo cartaz a gente já pode logo perceber, quem está a soprar o sax é músico daqueles de nascença. Profissional competente e tocador de corações.