Pelo “polímata” de meia-colher
E o chofer paulistano não titubeou e foi parar no Largo de São Francisco, onde desembarcou o meu conterrâneo turmalinense, que imediatamente se dirigiu à portaria e perguntou:
29-03-2024 ás 08h:55
Carlos Mota*
Até coisa de quarenta anos atrás, o número de faculdades no Brasil era infinitamente menor do que o que se verifica hoje, e, por muitas décadas, uma potência como a cidade de São Paulo só contava com uma: a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, mas logo surgiu outra: a de Medicina, mas, mesmo assim, falar em faculdade em São Paulo era falar na de Direito, mesmo lá já existindo a de Medicina!
Certa feita desembarcou na Estação da Luz um fanadeiro de Turmalina, o meu cunhado Dim Rocha da Mumbuca e que havia acidentado o seu joelho e ele, já aboletado no banco do táxi, ordenou ao motorista:
? Toca pra faculdade!
E o chofer paulistano não titubeou e foi parar no Largo de São Francisco, onde desembarcou o meu conterrâneo turmalinense, que imediatamente se dirigiu à portaria e perguntou:
? Ô sô, é aqui a Faculdade?
? É sim, a Faculdade de Direito!
? Ixe, sô, danou, pois o meu joelho machucado é o esquerdo! Nossa, quanta especialização tem São Paulo!
Mas, ano passado, o meu joelho esquerdo foi acidentado aqui em Brasília e fui levado de médico em médico, até que um deles me explicou que há em torno de vinte e cinco especialidades médico-ortopedistas, somente entre o calcanhar e o joelho.
Eu, como estudante, não quis me especializar, me mestrar ou me amestrar, nem me doutorar, pois a minha cabeça é de “polímata”, mesmo sendo pedreiro de meia-colher nas muitas áreas em que gosto de atuar.
Sorte minha, pois agora o xodó do deus Mercado de Trabalho são os “polímatas”, não mais os “DIGSSM - Doutores em Influência do Galho Seco na Sexualidade dos Macacos!”
* É advogado, ex-deputado federal, procurador federal, escritor e membro da ALVA - Academia de Letras do Vale do Jequitinhonha