
Liberdade de expressão e as grades do Supremo - créditos: divulgação
29-07-2025 às 15h00
(*) Anna Marchesini
A decisão do ministro Alexandre de Moraes sobre a remoção do acampamento de deputados federais é complexa. Embora a manutenção da ordem pública seja essencial, é igualmente importante considerar os direitos fundamentais e valorizar o diálogo e a negociação.
Manifestar-se é um ato democrático essencial. É a voz do povo clamando por justiça, igualdade e liberdade. Quando essa voz é silenciada, a democracia entra em risco. A liberdade de expressão é um direito fundamental que assegura às pessoas a possibilidade de externar suas opiniões e ideias sem temor de represálias.
A música Cálice, de Chico Buarque, é um símbolo da resistência à opressão. O verso “Afasta de mim esse cálice” é um grito de desespero, mas também de resistência. Hoje, essa canção volta a ganhar relevância, pois a luta por direitos e liberdades permanece atual. A opressão pode se manifestar de várias formas — da censura à violência — e é fundamental nos posicionarmos contra ela.
É fácil fingir que tudo está bem quando a realidade é dura e injusta. No entanto, a verdade é que a democracia está em risco. A voz do povo precisa ser ouvida, e os direitos fundamentais, respeitados. Não podemos fechar os olhos diante da injustiça e da opressão. É hora de levantar a voz e lutar pelos direitos que garantem uma sociedade livre e plural.
O diálogo é essencial para a resolução de conflitos e para a construção de uma sociedade mais justa. É indispensável que as autoridades escutem as demandas da população e trabalhem para encontrar soluções que contemplem as necessidades de todos. O diálogo não apenas previne a violência, mas também promove a paz.
“Paz sem voz não é paz, é medo.” Trata-se de um silêncio opressor que sufoca a democracia. Precisamos nos posicionar, fazer valer a nossa voz e agir em defesa dos direitos fundamentais. A democracia é um processo contínuo de construção e reconstrução — e nossa participação é crucial para que ela se mantenha viva.
Anna Marchesini é professora e presidente do Instituto Elo de Ação Solidária