
Lixo do mar pode ser transformado em energia limpa - créditos: divulgação
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22-06-2025 às 08h28
Prof. Sebastião Carlos Martins – Diário de Mina rumo a COP 30
Com a realização da COP30 se aproximando, Belém se prepara para sediar um dos eventos climáticos mais importantes do planeta. Diante dos desafios logísticos e ambientais que acompanham um evento dessa magnitude, o Estado do Pará estuda a implantação de uma solução inédita no Brasil para a gestão de resíduos sólidos urbanos.
A proposta, atualmente em análise pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (SEDEME), é aguardada com expectativa e demanda aprovação rápida para garantir que a estrutura esteja operando a tempo de atender a demanda gerada pelo fluxo de milhares de participantes de todo o mundo.
O projeto foi elaborado por Helder Cunha, CEO da AENBIO – Ambiental e Tecnologia do Mar Ltda, e está fundamentado em experiências bem-sucedidas com a tecnologia de encapsulamento de resíduos desenvolvida pela empresa austríaca Compost Systems, reconhecida internacionalmente por suas soluções sustentáveis no setor de gestão de resíduos.

O grande diferencial está justamente na adoção dessa tecnologia de encapsulamento, já validada na Europa, que permite isolar completamente os resíduos, evitando qualquer risco de contaminação do solo, do lençol freático e da atmosfera. O sistema impede a formação de chorume — um dos maiores desafios ambientais dos aterros sanitários — e bloqueia a emissão de metano (CH₄), um dos gases de efeito estufa mais prejudiciais ao planeta.
Além de proteger o meio ambiente, o encapsulamento funciona como uma solução transitória altamente eficaz, capaz de estabilizar os resíduos por até cinco anos — tempo necessário para que o Estado avance na implantação das futuras usinas de transformação energética já previstas para a região.
O primeiro passo para viabilizar a solução aguarda agora a formação de um Grupo de Trabalho Interinstitucional, reunindo órgãos estaduais, especialistas em gestão de resíduos, técnicos ambientais e profissionais de infraestrutura. Esse grupo será responsável pelo aprofundamento da análise técnica, avaliação de viabilidade e definição dos locais adequados para a implantação do Ecoparque.
A AENBIO também pleiteia apoio institucional por parte do Governo do Pará, incluindo suporte técnico, validação institucional e, principalmente, a destinação de uma área adequada para o projeto, através de concessão de uso de direito real desonerado, assegurando que a instalação do Ecoparque aconteça dentro do cronograma exigido pela COP30.
Especialistas apontam que essa iniciativa coloca o Pará na vanguarda da gestão sustentável de resíduos em grandes eventos internacionais, alinhando o estado às melhores práticas globais de sustentabilidade, economia circular e combate às mudanças climáticas.
Se confirmada, a implantação do Ecoparque transformará a Região Metropolitana de Belém em uma vitrine mundial de inovação ambiental, reforçando o compromisso da Amazônia com a transição energética e com a preservação climática — temas que estarão no centro das discussões da COP30.
O modelo não apenas resolve um desafio logístico e ambiental de curto prazo, como também oferece uma solução escalável, que poderá ser replicada por outras capitais brasileiras. É um exemplo concreto de como a tecnologia e a sustentabilidade podem caminhar lado a lado para mitigar os impactos de grandes eventos e, mais além, servir como legado permanente para as cidades.
A expectativa é que a proposta avance rapidamente, consolidando o protagonismo do Pará na luta global contra as mudanças climáticas — e fazendo da COP30 não apenas um palco de debates, mas um marco na adoção de soluções efetivas e transformadoras para o futuro do planeta.
*Prof. Sebastião Carlos Martins é engenheiro, pesquisador, consultor ambiental, autor de vários projetos SAF e outros.