28-02-2024 às 09h:11

Mara Narciso*

O jogo de palavras cruzadas é um passatempo bastante popular no Brasil, em especial entre pessoas maduras, porém, em todas as idades podem-se obter benefícios tais como diversão e socialização. Isso ocorre quando a pessoa pede ajuda aos que a cercam, compartilhando a brincadeira. Há ainda ampliação do vocabulário, do aprendizado, com formação de novas formas de raciocínio, favorecendo melhora ou retardando a perda da cognição, resultando em maior volume da atividade cerebral em áreas cujo comprometimento existe no Mal de Alzheimer.

Quem cria a palavra cruzada é o “cruciverbalista” e quem a resolve é o “cruzadista”. O produtor desse entretenimento é um profissional especializado. A criação é complexa e poucos brasileiros se dedicam a esse trabalho.

Como o nome já diz, há palavras na vertical e na horizontal entrecruzadas dispostas em um quadrado. Os vazios convidam à decifração e preenchimento com letras de forma. Nas palavras cruzadas diretas, os quadrados em branco trazem a dica do enigma; nas indiretas, à parte há uma lista de expressões seguindo uma numeração para que seja descoberto seu sinônimo. Cada linha exige uma palavra exata de forma que, à medida que a pessoa vai preenchendo de forma acertada, indiretamente vai descobrindo o complemento na posição oposta.

O jornal Americano New York World apresentou a primeira cruzada moderna produzida por Arthur Wynne em 1913. Em seguida todos os jornais traziam o passatempo. Em geral estão em revistas especializadas, mas, na internet também podem ser encontradas.

O desafio intelectual seguido pela resolução é o grande prazer da brincadeira, assim, há diversos níveis de palavras cruzadas. Quando um nível perde a característica provocadora, já que muitas palavras cruzadas, em cada época, trazem as mesmas chaves, exige que o cruzadista suba de nível. A revista Coquetel tinha versões Fácil, Médio, Difícil, Desafio, Cobrão, Gênio, etc.

A rotina de resolver palavras cruzadas, tornando-se um hábito, aguça o raciocínio, favorece o pensamento, reduzindo o processo de redução do peso cerebral que se dá no envelhecimento; isso acontece porque a difícil realização favorece a saúde cognitiva cerebral. O exercício de associações envolve várias áreas estimulando-as e ativando-as através de novas conexões no córtex e áreas secundárias como o hipocampo.

Quanto mais o cérebro sabe, mais coisas quer saber, e isso é obviamente benéfico em especial em relação ao raciocínio e à memória. É útil em todas as idades, podendo ser utilizada também em sala de aula para motivar alunos sobre temas estudados na ocasião.

“Euro Oscar considera que o mais importante em palavras cruzadas é o decifrador; o trabalho oferecido deve ser interessante, agradável, criativo, correto e informativo e nesse sentido as composições desse autor são um modelo digno de estudo” - Wikipédia.

Sem pensar nos benefícios, há quem faça palavras cruzadas para “matar o tempo”, mas o vício vem do prazer em vencê-las, para voltar. Subir pela escada do quanto mais difícil melhor é um estímulo e tanto.

*Mara Narciso é jornalista, escritora e médica aposentada, integrante da Academia Montes-clarense de Letras