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24-09-2025 às 11h04
Alberto Sena*
O Palácio da Liberdade de Minas Gerais, Belo Horizonte, de tantas histórias políticas importantes e palco de importantes discursos e ações de governantes ilustres é transformado, ao final, em 2025, 128 anos depois desde construído, vai virar um simples espaço eventos para quem quiser alugar e até mesmo cenário de filmes.
“É o fim da picada”, como diria o mineiro raiz.
Nenhuma explicação plausível, a não ser o que se comenta pelos corredores, o governador Romeu Zema é originário da iniciativa privada, raciocina como empresário e não como político que devia ser. Porque a vocação do Palácio da Liberdade é para algo como Museu da Memória Política de Minas Gerais, o que é de muito mais serventia. Um museu deste nível atrairia estudantes mineiros, brasileiros e estrangeiros além de pessoas interessadas na história deste Estado, um dos mais importantes do País.
Já se ouve que o Tribunal de Contas de Minas Gerais (TCMG) deveria interditar o que consideram “aviltamento do mais caro símbolo das tradições políticas de Minas Gerais. Ali só pode ser o museu da política mineira; não podemos permitir esse absurdo, desrespeito total a nossa história”.
Os contrários à injustificável medida de governo citam o Ministério Público, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, o Tribunal de Contas de Minas Gerais e a Assembleia Legislativa de Minas Gerais – “algum deles ou todos eles devem reprovar o desvalor oficialmente dado ao Palácio da Liberdade. Em última instância, o Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais deve reivindicar o Palácio da Liberdade.
Se a história política mineira não for respeitada, estaremos irremediavelmente condenados a total irrelevância.
Quem ouviu o então governador Tancredo Neves dizer dali do adro do palacete sem igual no planeta – “Mineiros, o primeiro compromisso de Minas é com a liberdade” – não irá se conformar com aquele espaço sendo ocupado por casal recém-casado fazendo drinques ou servindo de cenário só para cinema.
Tudo isso ficaria bem, sim, mas em outro lugar, porque o Palácio da Liberdade tem histórias impregnadas nas paredes de pedras de cada um dos seus cômodos, onde a sensação é de que ainda se pode ouvir as vozes dos seus antigos ocupantes ilustres.
*Alberto Sena é Jornalista