Os tempos áureos da Savassi, em BH, se desvaneceram na voragem do tempo
Primeiro a Savassi perdeu a aura de um lugar onde a intelectualidade se reunia porque havia o maior número de livrarias por metro quadrado no País.
30-01-2023
18h:18
Savassi, nas décadas de 1970 até 1990, não era região e nem bairro.
Era o nome de uma padaria de descendentes de italianos, que, com o tempo, ganhou repercussão tamanha, que tornou “um lugar agradável” próximo do Centro.
Os belo-horizontinos passaram então a ter algo melhor para comparar com lugares acolhedores e famosos como o Batel, em Curitiba; Rua Oscar Freyre, em São Paulo; Soho, em Londres, que, como a Savassi, é uma mistura eclética de restaurantes, vida noturna e opções de comércio.
Mas muita coisa mudou. Primeiro Savassi foi perdendo aos poucos a aura de um lugar onde a intelectualidade se reunia porque havia o maior número de livrarias por metro quadrado no País.
Foi perdendo uma a uma e a mais recente é a Livraria de Rua, na Rua Antônio de Albuquerque, quase esquina de Levindo Lopes. Era uma grande loja e quem a conheceu sabe que investia mesmo nas vitrines.
A cada livraria fechada pode ser comparada ao fim de uma escola. E a gente sabe o porquê, com a falta de investimento em Educação, as crianças, os jovens e os adultos não criam o interesse de ler, o que compromete o intelecto de gerações.
Quem trouxe a notícia do fechamento da livraria foi uma leitora do Diário de Minas, e chegou dizendo que viu uma enorme faixa de aluga-se no alto do frontispício da loja.
Em compensação, ela, que deu um giro pela Savassi, gostou do que viu. Teve a impressão de que a região está reagindo depois de mais de dois anos de pandemia e as transformações acontecidas a partir de quando os shopping centers surgiram.
Segundo a leitora, que pediu para não ser identificada, porque tímida demais, as placas de “aluga-se” ali pela Praça Diogo de Vasconcelos, Savassi chamada, diminuíram, não desapareceram do cenário da região.
A questão maior é que o tempo áureo da região se desvaneceu e a realidade do que vemos lá, hoje, começou a acontecer a partir do fim dos cines de rua, caso do Pathê, senão o mais interessante, um dos mais da capital, que transmitia filmes de arte.
Em seguida, as lojas quase todas se refugiaram nos shoppings e em seguida as livrarias se foram fechando, a partir da Travessa, Status, Mineiriana, Ouvidor.
Enquanto isso, a Savassi absorvia os shoppings populares, que, aos poucos a foram transformando no segundo Centrão, semelhante ao Centro da cidade, com aquele vaivém de carros e de gente, que, como formigas em boca de formigueiro, quase trombam umas nas outras.