03-01-2025 às 09h39
Raquel Ruben*
Finais de ano são pra mim como ondas gigantes que vêm me assombrando já quando entra outubro. Mas é brando, e vou alternando sentimentos, e ainda me cabem muitas risadas, alegrias e meninice.
E vem novembro… não consigo fazer planos, já começo a me entregar, quando meu coração passa a pulsar num automático, sem refletir emoções próprias de dias comuns, embora a esperança ainda defenda o seu espaço.
Dezembro me carrega… já tentei várias manobras mentais pra não sentir essa tempestade. Na segunda quinzena deste mês, meu coração fica tão desengonçado quanto o andar do Pinóquio. Meus desejos sorriem meio sem graça, abandonados, sem pai nem mãe, sem sobrenome. Minhas atitudes passam à meia boca, como pra constar, pra passar, pra cumprir.
E, por mais que tenha tentado vencer a grande onda, cá estou levando cambalhotas na praia, derrubada repetidas vezes. E saio meio grogue, tentando me recompor. Ainda não encontrei um jeito de mergulhar nela, de surfar nesse gigante.
Mas fui mais autêntica este ano, não me permiti muita euforia, não me forcei a convenções, e não esqueci de olhar pra mim.
Talvez deva renovar votos de amor próprio, treinar o desapego, e equilibrar melhor orgulho e humildade.
Ainda chorando as mágoas do que perdi naquela imensidão, meio sem gracinha ainda, mas cheia de saúde, sinto-me suficientemente apta a fazer funcionar o básico: exercícios físicos, alimentação, sono, e meus momentos de solitude.
Perdi o fôlego e não consegui ser do seu tamanho, onda gigante. Diante da sua força eu não achei a minha. E fiquei cansada de controlar tudo como se fosse um jogo. Então passei a sussurrar e não gritei. Se você é onda, vem e vai. E tenho outro ano pra tentar outra vez e não me sentir tão pequena diante de ti.
*Raquel Ruben é formada em Administração de Empresas. Mas a alma na psicologia, na escrita, na arte de sonhar imaginando um mundo romântico. Sou questionadora e faço muita autocrítica, ligada ao autoconhecimento. E corredora de rua com a turma do Minas TC.