20-02-2024 ás 09h:44

Mara Narciso*

Uma visão estreita e retrógrada de um tema, que costuma despertar posições antagônicas caracteriza o retorno ao obscurantismo. São opiniões submersas em tabus, que não vêm à tona com clareza, por não suportarem a luz solar. Opõe-se ao Iluminismo, porque esconde a correta informação ao povo.

“Doutrina daqueles que não desejam que a instrução penetre na massa do povo; norma contrária ao progresso intelectual e material. Estado completo de ignorância. Condição de espírito refratário à razão e ao progresso” – Dicionário online de Português.

O negacionismo da terra plana, antivacina e anticiência está no campo do obscurantismo. Veja a Santa Inquisição. As religiões são, por princípio, entidades obscurantistas, pois lidam com fundamentos absurdos para, com ameaças, intimidar homens e anular mulheres. Um chefe autoritário, despótico e ditatorial tolhe as liberdades e tem tudo a ocultar. A espionagem, escuta telefônica e arapongagem são atividades obscuras, criminosas, dos subterrâneos. A vida privada de muitos, quando vem à tona, pode assustar no campo da moral e da ética. Em outras há envolvimento em crimes. Poucos não têm nada a esconder.

Práticas ilegais de “cura” seja por curandeirismo travestido de religião, no campo mental ou comportamental como “a cura gay” são obscurantismos. A chamada Constelação Familiar é charlatanismo e engodo, porque promete algo impossível de ser entregue.

Está no campo do obscurantismo abandonar tratamentos convencionais contra câncer, diabetes e outros para oferecer a cura em chás ou em um alimento, sendo ingenuidade de quem procura e crime de quem propõe a terapêutica alternativa. Pode usar uma abordagem solícita: “para que continuar furando o dedo para medir a glicemia; para que tomar insulina tantas vezes ao dia se você pode ficar curado tomando “chá de casca de banana”? Seguir o que é proposto pode levar à morte, mas o enigma é: o que ganha quem vende esse tratamento? Cadáveres. Houve casos de famosos que deixaram a quimioterapia para se submeter a benzeduras.

A “Deep Web” é a internet profunda onde os crimes cursam incólumes. Iludem, ludibriam, enganam e roubam, porque tem quem se disponha a entregar tudo. São tantas as armadilhas que são poucos os que ainda não caíram em uma delas.

O mundo atual, com suas peculiaridades é campo aberto para golpes de todo tipo, sendo o universo perfeito para os estelionatários: dê-me seu carro e terá uma frota inteira; entregue seu cartão bancário e a senha e terá um lugar reservado no céu; clique aqui e encontrará o paraíso; você ganhou um milhão, mas para recebê-lo terá de me enviar R$10.000,00; começamos nosso relacionamento amoroso há quinze dias, quero encontrá-la, estou perdidamente apaixonado, envie-me um PIX no valor da passagem aérea e seremos felizes para sempre.

Quando um esperto vai à rua, um otário também irá. As abordagens são suspeitas e o comportamento mais ainda. Quem atende ao chamado do golpe financeiro perde dinheiro e saúde, porque se tortura por longo tempo, repisando a ressaca moral.

O que parece estranho, suspeito, enigmático, garante a suspeição: um c4f4jeste e suas c4f4jestagens. Não se engane com pessoa bonita bem vestida, com belos olhos azuis, madura com aparência acima de qualquer suspeita, inteligente e falante: criminoso não tem cara. Na internet qualquer um poderá ter qualquer imagem, desde o surgimento da Inteligência Artificial.

Quem o enganou uma vez repetirá a dose. Não tente discernir se o delinquente é um crápul4 ou um c4n4lh4, porque dele só virão vilez4 e c4n4lhice.

*Jornalista, escritora, integrante da Academia Montes-clarense de Letras e médica aposentada