
Tecnologias analógicas ao digital - Imagem gerada por IA - créditos: Divulgação
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06-04-2025 às 09h00
Brunello Stancioli (*)
O vinil, um formato de armazenamento musical que remonta ao século XX e é confeccionado em PVC. É considerado obsoleto, substituído por tecnologias digitais mais eficientes, como CDs (estes também já meio capengas) e serviços de streaming.
A reprodução de discos de vinil requer equipamentos ultrapassados, como vitrolas e agulhas, além de ter uma superfície que sempre arranha e compromete o som.
Embora a qualidade sonora do vinil seja frequentemente idealizada, apresenta limitações técnicas e chiados que o colocam em desvantagem em relação aos formatos mais modernos.
A aula expositiva clássica é nosso vinil, que teimamos em usar. Numa visão caricata, o professor pega conteúdo de manuais, passa no quadro, os alunos copiam no caderno, copiam (de cor???) na prova e devolvem para o professor.
Essa ideia está ligada a uma tradição que afirma que “conhecer é recordar”. O conhecimento resta pronto, em manuais, muitas vezes pulverulentos, que repetimos e repetimos e repetimos…
Pensemos o seguinte: essa tradição só fazia sentido se o professor, o “Lente” que realmente lia o livro em aula, fosse o detentor do conhecimento e das fontes. Algo poeticamente com cheiro de “O Nome da Rosa”.
Mas, pensemos. O aluno tem um Google de vantagem. Tem as Inteligências artificiais que logo ficaram muito (até demais, talvez) confiáveis. Para complicar, é certo que – nao sei se pela Neuralink (EUA), do falastrão Elon Musk, mas também outras empresas sérias e até uma Universidade – a Synchron (EUA/Austrália), a Blackrock Neurotech (EUA), a Universidade de Tianjin (China) e a Onward (EUA/Europa), para ficar em alguns, – teremos conexão direta com a Internet (e todas IAs) sem a necessidade de roteadores, cabos ou instalações.
Para resumir: o que o Professor passa no quadro, já está na cabeça do aluno…
E se pensássemos que “conhecer é produzir?
Muito caro, mas muito eficiente o método tutorial de Oxford é um bom exemplo. Toda semana, o aluno tem que escrever um paper para seu tutor. A área mais famosa é a PPE (Política, Filosofia e Economia). O tutor desanca o pobre do pupilo que, na outra semana, tentará um paper melhor. Desancado de novo, se esmera, pesquisa, faz algo inovador… e tome mais uma cacetada.
Depois de 3 anos escrevendo e sendo corrigido, ele é capaz de argumentar em qualquer dessas áreas com desenvoltura e de forma muito convincente. Não à toa, vários Ministros ingleses estudaram em Oxford. Até Bill Clinton andou por lá.
Conhecimento se cria. Não se requenta.
Muito rapidamente a aula expositiva não valerá nada. Bom, nada é exager
Atualmente, o vinil se mantém como um item de nicho, mais associado à nostalgia do que a qualquer utilidade prática. Uma boa aula expositiva ainda pode ter seu encanto.
(*) Brunello Stancioli é professor na Faculdade de Direito da UFMG
(A Inteligência Artificial foi usada para correção de gramática e erros de estilo)