Você já ouviu falar da síndrome do sapo fervido - créditos: João Capiberibe
15-02-2025 às 09h05
João Capiberibe*
Você já ouviu falar da síndrome do sapo fervido?
Imagine um sapo colocado em uma panela com água fria. Se a temperatura aumenta bem devagar, ele não percebe o perigo e acaba sendo fervido sem reagir.
Essa metáfora ilustra perfeitamente a forma como a humanidade tem lidado com o aquecimento global. Assim como o sapo que não percebe o aumento gradual da temperatura até ser tarde demais, também ignoramos as mudanças climáticas, acomodando-nos a cada nova onda de inundação, calor, incêndio florestal e evento climático extremo.
Nos últimos séculos, a Terra tem aquecido lentamente, mas esse ritmo se acelerou nas últimas décadas. Ainda assim, muitos veem essas mudanças como meros inconvenientes e não como alertas urgentes. O derretimento das calotas polares, a elevação do nível do mar e a desertificação de regiões antes férteis são sinais claros de que estamos próximos de um ponto sem retorno. No entanto, como o sapo na panela, seguimos nossas vidas sem perceber o perigo iminente.
Se o sapo fosse jogado diretamente na água fervente, tentaria escapar imediatamente. Da mesma forma, se os impactos da crise climática fossem súbitos e catastróficos para todos ao mesmo tempo, a humanidade talvez reagisse com mais rapidez. Mas, por serem graduais, muitos se adaptam à nova realidade sem perceber que estão, na verdade, caminhando para um colapso ambiental.
Ainda há tempo para saltarmos da panela e tomarmos medidas concretas: reduzir as emissões de carbono, proteger os ecossistemas e adotar práticas sustentáveis. No entanto, a janela de oportunidade está se fechando. Se esperarmos demais, corremos o risco de perceber o problema apenas quando já for impossível escapar.
A COP 30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) acontece em novembro desse ano na Amazônia. O momento de agir é agora!
João Capiberibe é político brasileiro, ex-prefeito, governador e senador
