
Esta COP acontecerá sob o impacto de muitas iniciativas patrocinadas pelo Presidente Donald Trump. CRÉDITOS: Divulgação
10-07-2025 às 10h34
Enio Fonseca*
O Estado do Pará se prepara para receber a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), a ser realizada em Belém (PA), em novembro de 2025, entre os dias 10 e 21. De acordo com estimativas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é esperado um fluxo de cerca de 50 mil visitantes durante os principais dias da Conferência. Deste total, aproximadamente 7 mil compõem a chamada “família COP”, formada pelas equipes da ONU e delegações de países membros.
Belém receberá negociadores, lideranças políticas, organizações da sociedade civil, ambientalistas, jornalistas, lobistas e representantes dos 197 países que compõem a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) em um processo multilateral complexo, que envolve realidades e interesses distintos e que depende de um esforço gigantesco de todos os países para produzir resultados úteis para o futuro do planeta, e que também discute outros temas que afetam o planeta, com a produção de alimentos, bens minerais, atividades económicas e especialmente a transição energética.
Esta COP acontecerá sob o impacto de muitas iniciativas patrocinadas pelo Presidente Donald Trump, que incluem a saída do acordo de Paris, da Organização Mundial da Saúde, da própria COP 30, e principalmente em função das medidas de aumento tarifário aplicada a muitos países, inclusive tradicionais parceiros políticos e econômicos.
Esta guerra tarifária aberta pelo governo dos EUA, trará a questão econômica para o centro de toda a movimentação geopolítica internacional, inclusive aquelas que tenham interface com as questões ambientais, de sustentabilidade, de transição energética e mudanças climáticas.
O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), defendeu que é preciso pensar em novas formas para se financiar a agenda ambiental. Recentemente ele afirmou que:
“ Existem discussões sobre taxação para transporte marítimo, petróleo, classe executiva de avião. A gente vai olhar para tudo para chegar a US$ 1,3 trilhão em recursos disponíveis em 2035. Precisamos ampliar a discussão sobre financiamento climático e pensar além dos mecanismos tradicionais.
A COP tem uma dimensão muito formal, das negociações, e delas só podem participar os 197 países do Acordo de Paris. Quem vai levar isso adiante são instituições desses países, mas o evento conta também com governos subnacionais, setor privado, academia, sociedade civil, que não participam das negociações oficiais.
A COP 30 discutirá os seguintes temas:
- Redução de emissões: Metas mais ambiciosas de corte de CO2
- Financiamento climático: Novas formas de financiamento, como taxação do transporte marítimo e da classe executiva de avião
- Transição energética: Tecnologias de energia renovável e soluções de baixo carbono
- Justiça climática: Impactos sociais das mudanças climáticas
- Preservação ambiental: Conservação de florestas e biodiversidade
- Adaptação às mudanças climáticas: Planos para se adaptar aos impactos das mudanças climáticas
De acordo com o Governo brasileiro, “a COP30 representa uma oportunidade histórica para o Brasil reafirmar seu papel de liderança nas negociações sobre mudanças climáticas e sustentabilidade global. O evento permitirá ao país demonstrar seus esforços em áreas como energias renováveis, biocombustíveis e agricultura de baixo carbono, mineração estratégica, além de reforçar sua atuação histórica em processos multilaterais, como na Eco-92 e na Rio+20”.
Há uma grande oportunidade até para o setor mineral, que vive dos recursos naturais não renováveis, repactuar a sua relação com a sociedade. Então, mineração sustentável é aquela que garante um legado positivo para o território, transformação social e garante engajamento em uma agenda maior como essa da descarbonização.
Por sua vez, o agronegócio brasileiro espera da COP 30 a promoção de práticas sustentáveis, o reconhecimento do seu papel na agenda alimentar, na climática, e a atração de investimentos .
O agronegócio brasileiro pode mostrar ao mundo que é possível conciliar a produção agrícola com a preservação do meio ambiente.
Belém, aos 402 anos foi escolhida para sediar a COP 30, por se encontrar na icônica região amazônica, porém a cidade apresenta várias restrições de infraestrutura e logística para receber mais de 50 mil visitantes, se destacando o lixo nas ruas e esgotos a céu aberto, coleta seletiva limitada, saneamento deficiente, maior déficit habitacional do Brasil, o temor da violência, educação precária, rede hoteleira insuficiente.
Apesar dos desafios, a expectativa de autoridades e da população é que o evento possa deixar um legado em infraestrutura e no turismo.
Belém está se preparando para receber a COP 30 e os preparativos envolvem a ampliação de ruas, o saneamento com novas redes de esgoto, a drenagem de águas pluviais, a dragagem de porto para receber navios maiores e a revitalização de espaços.
ampliação da capacidade hoteleira e desenvolvimento de planos de segurança e logística, e em especial revitalização de áreas estratégicas, como a Avenida Visconde de Souza Franco
O Brasil não é um problema ambiental para o mundo e sim uma solução quando se olha a matriz energética limpa e renovável e a produção de alimentos que alimenta o País e o mundo.
*Enio Fonseca é CEO da Pack Of Wolves Assessoria Socioambiental. Foi Superintendente do Ibama, Conselheiro do Copam, , Diretor de Meio Ambiente da SAM METAIS e Diretor da ALAGRO.