A presença ativa do farmacêutico no cuidado do paciente é fundamental para melhorar os resultados terapêuticos - créditos: divulgação
05-01-2025 às 10h20
Marcus Vinicius da Silva Costa
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) o gasto do SUS com medicamentos passou de R$ 14,3 bilhões em 2010 para quase R$ 20 bilhões em 2015 (crescimento de 40%), o gasto com compras de medicamento, e apenas o acesso ao medicamento não se traduz em melhoria na qualidade de saúde da pessoa.
A morbimortalidade relacionada a medicamentos é, de fato, um problema significativo de saúde no Brasil, com impactos diretos tanto sobre a sociedade quanto sobre os sistemas de saúde seja público ou privado. Esse fenômeno envolve os danos à saúde causados por erros no uso de medicamentos, reações adversas a fármacos, intoxicações ou interações medicamentosas inadequadas, sendo uma das principais causas de hospitalizações e até óbitos.
Uma das estratégias utilizadas para diminuição de danos à saúde envolvendo os medicamentos é a inserção do profissional farmacêutico no tratamento do paciente.
O profissional farmacêutico desempenha um papel crucial na promoção da saúde e na prevenção de doenças, através do cuidado farmacêutico, uma prática que vai além da simples dispensação de medicamentos. Ele envolve a orientação, acompanhamento e suporte aos pacientes, garantindo o uso racional de medicamentos e a adesão ao tratamento, além de prevenir e resolver problemas relacionados ao uso de medicamentos, como efeitos adversos ou interações indesejadas.
A presença ativa do farmacêutico no cuidado do paciente é fundamental para melhorar os resultados terapêuticos. Com seu conhecimento especializado, o farmacêutico pode identificar riscos e sugerir alternativas seguras e eficazes, sempre em colaboração com outros profissionais de saúde. Além disso, ele oferece educação sobre o correto uso dos medicamentos, o que contribui para a autonomia do paciente e a diminuição de internações hospitalares por erros medicamentosos.
O cuidado farmacêutico é um componente essencial para o Sistema Único de Saúde, garantindo que os medicamentos sejam usados de forma segura e eficaz, promovendo a adesão ao tratamento e colaborando para a otimização dos resultados de saúde. Na atenção primária à saúde o cuidado farmacêutico é essencial para promover o uso racional de medicamentos, prevenir doenças e melhorar a qualidade de vida da população.
O cuidado farmacêutico também é essencial no acompanhamento de pacientes com doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, ajudando a manter os tratamentos sob controle e melhorar a qualidade de vida.
Um dos desafios no tratamento de doenças crônicas é garantir que os pacientes sigam corretamente as prescrições médicas. O farmacêutico, ao fornecer orientações e acompanhamento contínuo, ajuda a aumentar a adesão ao tratamento, ajustando terapias quando necessário e esclarecendo dúvidas sobre os medicamentos, o que é fundamental para o sucesso terapêutico.
O farmacêutico na atenção primária realiza o acompanhamento farmacoterapêutico, que consiste em monitorar continuamente o tratamento dos pacientes, identificando possíveis problemas relacionados ao uso de medicamentos e propondo intervenções para melhorar a eficácia e segurança do tratamento. Isso é especialmente importante para pacientes polimedicados, que fazem uso de vários medicamentos simultaneamente.
Ao evitar complicações decorrentes do uso inadequado de medicamentos e ao promover a adesão ao tratamento, o farmacêutico ajuda a reduzir a necessidade de hospitalizações, procedimentos caros e intervenções de emergência. Isso resulta em uma economia significativa para o sistema de saúde, além de melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Em resumo, o cuidado farmacêutico é um componente indispensável para garantir o uso seguro e eficaz de medicamentos, promover a saúde da população e melhorar os resultados dos tratamentos, colaborando de forma direta para a eficiência e sustentabilidade do sistema de saúde.
*Marcus Vinicius da Silva Costa é Mestre e Bacharel em Gestão de Serviços de Saúde. Especialista em Políticas e Gestão da Saúde na Secretária de Estado de Saúde de Minas Gerais. Professor Voluntário na Universidade Federal de Minas Gerais.
