
O trabalhador brasileiro está cada vez mais sacrificado - créditos: divulgação
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08-06-2025 às 10h00
(*) Cristiane Noronha
No Brasil de hoje, quem mais trabalha é quem menos vive. A classe trabalhadora brasileira está sendo massacrada dia após dia, num sistema que a explora sem descanso, sem retorno e sem respeito. Enquanto poucos enriquecem com privilégios e muitos sobrevivem com auxílios mínimos, o peso do país segue nas costas de quem acorda cedo, pega transporte público lotado e trabalha horas a fio apenas para conseguir pagar as contas.
A realidade é dura e escancarada: o transporte público é um retrato fiel do abandono. Milhões de brasileiros enfrentam todos os dias ônibus e trens superlotados, com atrasos, desconforto e insegurança. O trabalhador sai de casa de madrugada e volta tarde da noite, passando mais tempo em deslocamento do que com sua própria família. E o que o Estado faz? Fecha os olhos, enquanto políticos e empresários seguem em carros oficiais com ar-condicionado e escolta.
Pior que o transporte, só a injustiça fiscal e social. O trabalhador paga impostos altíssimos, mas não vê esse dinheiro voltar em saúde, segurança ou educação de qualidade. Enquanto isso, os muito ricos vivem em outra realidade: isentos, blindados, com acesso a tudo que o trabalhador só pode sonhar. Já os muito pobres sobrevivem com a ajuda do governo — importante, mas insuficiente para garantir dignidade plena. No meio disso, a classe trabalhadora está abandonada: não é rica o suficiente para ter privilégios, nem pobre o suficiente para receber apoio. Ela apenas paga, trabalha e sofre.
Com a precarização das leis trabalhistas, o emprego formal se tornou um privilégio raro. Crescem o trabalho informal, os “bicos”, os aplicativos que exploram com falsa promessa de autonomia. O que sobra ao trabalhador é o cansaço constante, a saúde mental abalada e a sensação de que o esforço nunca é o bastante.
O Brasil que temos hoje é um país onde o trabalhador sustenta tudo, mas não tem quase nada. É urgente reconhecer essa injustiça e lutar por um país mais equilibrado, onde quem move a economia também possa viver com dignidade. Porque nenhum país cresce de verdade quando sua classe trabalhadora está sendo esmagada.
(*) Cristiane Noronha é Gestora de Processos e Projetos
