O barulho mora em Belo Horizonte, onde o desrespeito aos cidadãos é uma cena comum
As autoridades constituídas, que podiam fazer algo para melhorar a qualidade de vida fazem ouvidos moucos enquanto outros fazem de conta que nada estão vendo e a vida urbana segue capenga.
Direto da Redação
25-12-2022
09h:12
Alberto Sena*
Com a proximidade do final de mais um ano, convém refletir sobre esta amada cidade de Belo Horizonte.
Se o prefeito Fuad Noman perguntasse a mim, na condição de cidadão, jornalista, escritor e político (sem ser partidário), se eu estou satisfeito com a cidade sob a sua administração, sabe qual seria a minha resposta?
Um solene não.
Não estou satisfeito e apontaria ao prefeito o barulho como um dos principais problemas desta capital, que já foi chamada de “Cidade Jardim”. Além de bem arborizada, era tranquila. Podia-se andar pelas ruas civilizadamente.
Hoje em dia, a civilidade foi para o espaço e o desrespeito ocupou a vaga.
As chamadas autoridades constituídas que podiam fazer algo para melhorar a qualidade de vida fazem ouvidos moucos enquanto outros fazem de conta que nada estão vendo e a vida urbana segue capenga, entra ano sai ano, barulhenta.
Não nasci aqui. Mas me considero daqui, porque aqui moro desde fevereiro de 1972. Muito mais tempo do que o vivido em Montes Claros, onde nasci e vivi.
As pessoas perderam a noção do respeito ao espaço do outro.
O individualismo cria um tipo humano que parece não ter coração. E se tiver, é de pedra.
Conquanto puder resolver a questão pessoal, egoisticamente, não importa o que aconteça ao outro. “Azar dele”.
E tome barulho. Tome desrespeito. Esse tipo de gente liga o som o mais alto que pode, afronta os decibéis do que se poderia chamar de normal.
Não basta a má qualidade do som.
Não basta o ruído intermitente dos motores dos carros e de motocicletas.
De repente, surge uma kombi com mensagem gravada, irritante, porque repetida o tempo todo, transmitida por alto-falante, oferecendo frutas, legumes e outras mercadorias. “Hoje tem promoção de galinha, três por R$ 20”.
A kombi vai, e, logo em seguida, vem outro carro com alto-falante anunciando: “Olha o abacaxi massa amarela...”
Outro vem com a oferta de 30 ovos por R$ 10 e não para de repetir o produto como sendo graúdo. “Venha, venha, freguesia”.
Depois deste vem o da pamonha. “Olha a pamonha, uma delícia, com queijo, quentinha...”
Diante de uma balbúrdia desta, a gente fica se perguntando: Belo Horizonte não tem um código de postura? Qualquer um que quiser, e puder, adquire um alto-falante e sai por aí berrando aos quadrantes as suas mercadorias? Não precisa de uma licença oficial concedida pela Prefeitura?
Nada contra o trabalho dessas pessoas para assegurarem o seu pão de cada dia. O problema é a maneira como essas pessoas trabalham, conscientes ou não, com desrespeito, aumentando ainda mais o grau de poluição sonora, não bastando o barulho acima descrito.
Se a licença foi abolida, fico aqui a refletir com as minhas mangas de camisa: já pensou se der a louca e todas as famílias ligarem uma aparelhagem de som ao mesmo tempo, a doideira que vai ser?
E o que dizer da quantidade de cães abandonados soltos nas ruas da cidade, como controlar essa anomalia? São um risco à saúde pública e nenhuma atitude é tomada pelo Departamento de Zoonose do Município.
Uma andada pelas ruas do Centro da cidade deixa qualquer cidadão dotado de bom senso contristado. O aumento de gente humana vivendo debaixo de viadutos ou marquises de lojas, é de partir o coração.
E nas portas dos bancos? A quantidade de homens e mulheres pedindo esmola é de deixar qualquer um constrangido, menos os ‘donos’ dos bancos e o prefeito Fuad Noman.
Será que a Prefeitura da capital não dispõe de um ‘serviço social’ capaz de pelo menos amenizar essa situação?
Isso sem falar do péssimo asfalto das ruas, sem manutenção. E a situação das calçadas de Belo Horizonte? Nem se fala.
O ano 2023 está a bater às portas, será até quando o quadro depreciador de qualquer administrador responsável irá perdurar?
*Editor Geral.