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CRÉDITOS: Michael Dantas/AFP
Foram analisados 17.972 poços artesianos no território nacional, conforme o estudo, que detectou 55% deles com níveis de água abaixo das superfícies dos rios próximos, o que faz com que percam água no subsolo
18-02-2025 às 10h58
Direto da Redação*
O aumento do processo de captação de água subterrânea, mormente para a prática da irrigação, como acontece numa das maiores áreas agrícolas do País, chamada Matopiba – Tocantins, parte dos estados da Bahia, Piauí e Maranhão – é um indicador do início de um processo com repercussões aqui e no exterior, devido ao fato de o Brasil desempenhar papel fundamental na segurança alimentar do globo.
O porquê do risco: a perfuração desenfreada de poços artesianos rouba água dos rios e, portanto, mais da metade deles está ameaçada no território brasileiro. Essa notícia, nos chega vinda da seara dos pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em estudo feito em parceria com seus colegas estadunidenses, foi publicado em dezembro de 2024 na revista “Nature Communications”.
Foram analisados 17.972 poços artesianos no território nacional, conforme o estudo, que detectou 55% deles com níveis de água abaixo das superfícies dos rios próximos, o que faz com que percam água no subsolo e os rios o fluxo de água.
José Gescilam Uchôa, aluno de doutorado da USP e o primeiro autor do estudo, comenta que em algumas regiões brasileiras, “a gente tem mais de 50%, até mais de 60% desses rios perdendo água para o aquífero”. Preocupado, ele disse que vai ser necessário realizar “estudos mais detalhados para identificar o que está realmente fazendo com os rios, que potencialmente ganhavam água e agora estão perdendo”.
O estudo feito até aqui serve de alerta para a nossa sociedade e também para o mundo porque a perda de água dos rios poderá ter repercussões em larga escala, se se levar em conta a importância do papel brasileiro na cota da segurança alimentar global. De uma maneira geral, as pessoas devem refletir sobre esse e outros tipos de ocorrências porque estamos sendo desafiados pelas mudanças climáticas. Não se sabe ao certo o que poderá vir, e quem não quiser ser apanhado de surpresa deve fazer a sua parte, economizar o consumo de tudo que está relacionado com os bens naturais coletivos.