Ninguém vai ao Pai, senão por intercessão de Jesus
Hoje, a minha religião é “Jesus Cristo”. Pôr em prática o que Ele deixou e está escrito. Ele não impede ninguém de se aproximar dele. Ele já é o intercessor.
29-03-2024 às 16h:20
Bento Batista*
A família dos meus pais foi criada na religião Católica. Fizemos a primeira comunhão e todo domingo a nossa mãe nos mandava para a igreja, nos trinques, arrumadinhos, de modo a arrancar elogios pelos cuidados que ela tinha conosco.
Quando era chegada a Sexta-Feira Santa, a gente escutava até o ínfimo eco do voo dos mosquitos dentro de casa. Não podia se desentender com ninguém; xingar um e outro irmão também não podia, e, principalmente, não podia comer carne – bovina, suína nem de frango. Era peixe, quer dizer bacalhau.
Nessa época de criança contavam lá em casa que um indivíduo conhecido, daqueles adultos que gostavam de beber cerveja, não respeitou as proibições do dia e comeu carne. Contava-se que na hora ele ficou com a boca cheia de sangue. Um horror!
E quem é que queria ficar com a boca cheia de sangue comendo carne nesse dia? Claro, ninguém! Isso, ao longo dos anos, se tornou uma espécie de trauma.
Mas a partir de quando pintou a idade de questionamento das coisas, veio a reflexão sobre o não comer carne na Sexta-feira da Paixão. Pode haver uma série de explicações a respeito, mas ainda assim martelava a indagação do porquê disso, de não comer carne na Sexta-Feira da Paixão.
Se a gente considerar que grande parte das famílias não tinha condição de comer carne bovina, suína e “franguina”, a proibição da igreja não surtia efeito algum. Essas pessoas já estavam acostumadas, no dia a dia, a não comer carne; quando muito, satisfaziam só com o cheiro da carne fritada na boca do fogão.
Nos dias atuais, respeito ainda essa determinação, mas prefiro ficar com a recomendação do Papa argentino, Francisco, que disse em homilia, inspirado na Primeira Leitura extraída do Livro de Isaías, em que o povo se lamenta a Deus por não ouvir seus jejuns. Francisco disse: “É preciso distinguir entre o “formal” e o “real”, pois, para Deus, não é jejum deixar de comer carne e depois brigar e explorar os trabalhadores. Jesus condenou os fariseus porque faziam tantas observações exteriores, mas sem a verdade do coração”.
E mais: “O jejum que Jesus quer, é aquele que dissolve as cadeias injustas, liberta os oprimidos, veste os nus e faz justiça. Isso porque o verdadeiro jejum vem do coração, não é somente externo. O amor a Deus e o amor ao próximo são uma unidade e se você quer fazer penitência, real não formal, deves fazê-la diante de Deus e também com o teu irmão, com o próximo”.
Hoje, a minha religião é “Jesus Cristo”. Pôr em prática o que Ele deixou e está escrito. Ele não impede ninguém de se aproximar dele. Ele já é o intercessor. Quem busca outros desvia da pessoa dele e é isso que o antiCristo quer.
“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim” – disse Jesus.
*Jornalista e escritor
Seja o primeiro a comentar!
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Envie seu comentário preenchendo os campos abaixo
Nome
|
E-mail
|
Localização
|
|
Comentário
|
|