Neste 21 de abril, devemos reverenciar Tancredo de Almeida Neves

21-04-2025 às 10h00

Mário Lúcio Quintão Soares (*)

Neste 21 de abril, devemos reverenciar Tancredo de Almeida Neves. Este grande estadista brasileiro nasceu em São João del-Rei, em 4 de março de 1910. 

Há quarenta anos, após ser eleito presidente da República, Tancredo comoveu o Brasil com sua morte. Notável orador, destacou-se como raposa política. 

Advogado militante, formou-se em Direito pela Faculdade de Direito da UFMG. Ingressou na política em 1935, quando foi eleito vereador em sua cidade natal pelo Partido Progressista, chegando ao cargo de presidente da Câmara Municipal. Com o advento do Estado Novo, em 1937, foi preso e o seu mandato de vereador extinto. 

Atuou como Promotor Público. Em 1947, foi eleito deputado estadual pelo Partido Social Democrático (PSD) e designado um dos relatores da Constituição estadual mineira, tornando-se depois líder da oposição.

Em 1950, foi eleito deputado federal pela primeira vez. A partir de junho de 1953, exerceu os cargos de Ministro da Justiça e Negócios Interiores até o suicídio de Getúlio Vargas. Em 1954, foi eleito novamente deputado federal, cargo que ocupou por um ano. 

Foi diretor do Banco de Crédito Real de Minas Gerais, em 1955, e da Carteira de Redescontos do Banco do Brasil, de 1956 a 1958. De 1958 a 1960, assumiu a Secretaria de Finanças do Estado de Minas Gerais. Com a instauração do regime parlamentarista, logo após a renúncia do presidente Jânio Quadros, foi nomeado primeiro-ministro do Brasil, ocupando este cargo de setembro de 1961 a julho de 1962. 

Durante a Ditadura Militar, foi um dos principais líderes da oposição, vinculando-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Reelegeu-se deputado federal em 1966, 1970 e 1974. 

Após a volta do pluripartidarismo, foi eleito senador em 1978 e fundou o Partido Popular (PP). Em 1982, ingressou no Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e foi eleito governador de Minas. 

Com a derrota da emenda Dante de Oliveira, que instituía as eleições diretas para presidente da República em 1984, foi o escolhido para representar uma coligação de partidos de oposição reunidos na Aliança Democrática. Em 1984, aceitou a proposta de se candidatar à Presidência da República e em 15 de janeiro de 1985 foi eleito presidente do Brasil pelo voto indireto de um colégio eleitoral. 

No entanto, adoeceu gravemente em 14 de março do mesmo ano, véspera da posse. Em 21 de abril do mesmo ano, morreu aos 75 anos. Tancredo é considerado o político brasileiro que, com sua habilidade de estadista, conseguiu fazer a transição do regime de exceção de 1964 para a democracia que ora vivenciamos.

(*) Mário Lúcio Quintão Soares é advogado militante, professor universitário, mestre e doutor em Direito Constitucional pela UFMG