O que se vê no Brasil é justamente o contrário do que faz a China. Aqui, onde havia florestas heterogêneas, a sanha do agronegócio está fazendo o maior esforço para transformar em deserto.
18-12-2024 às 09h04
Alberto Sena*
Por esses dias, vi um vídeo que circula pela internet, o “milagre” que o governo chinês está fazendo na China. A gente sabe que o território daquele operante povo é grande, mas boa parte é de deserto de areia. E nem precisa dizer, mas digo, que a China possui mais de 1,4 bilhão de habitantes e precisa assegurar que toda essa quantidade de gente tenha o que comer. Daí ser um dos mais importadores da nossa produção de soja, principalmente.
Certamente para acabar com essa dependência, o governo chinês está transformando o deserto em terra produtiva, provando que é possível tornar a areia em floresta. E assim prova para si mesmo e para os chineses e ao mundo de modo geral que vale a pena investir em meio ambiente, principalmente e tempo de mudanças climática.
A par disso, o que se vê no Brasil, é justamente o contrário. Onde havia florestas heterogêneas a sanha do agronegócio está fazendo o maior esforço para transformar em deserto um dia, com a soja que engorda os animais chineses e europeus.
Os empresários do agronegócio exportarem o que produzem não é o caso, o que é passivo de muita crítica é o fato de eles não estarem dando a mínima atenção para o meio ambiente. Estão fazendo de tudo para acabar com o Cerrado e acabando com o Cerrado estarão contribuindo com o fim do Rio São Francisco, que já foi chamado de “Rio da Integração Nacional”.
É necessário haver uma reação por parte das autoridades do setor ambiental para pôr um limite nesse avanço. São necessárias ações preventivas porque só denunciar o que os empresários estão fazendo não basta.
Em nome de uma economia que serve só a eles mesmos, os empresários estão acabando com as nossas matas e no caso dos mineiros, estamos entre a cruz e a espada, porque se temos os empresários do agronegócio de um lado, do outro estão os empresários mineradores, com os da Vale S.A., que antes se chamava Vale do Rio Doce, disposta a qualquer coisa para arrancar o minério da nossa terra.
As autoridades de governo mantêm a postura daqueles que fazem de conta que estão fazendo alguma coisa, mas não estão fazendo nada há muito tempo porque ficam naquela de “vai, vai, que estou olhando”.
Até mesmo a multa cobrada (é paga?) por si mesma não justifica, porque os crimes ambientais, principalmente os cometidos pelos mineradores não são praticados de um dia para o outro. E por que as autoridades não são capazes de atuarem para impedir.
E essa apatia acaba por gerar uma série de especulações quanto ao comprometimento delas com os empresários. Na pirâmide dos inimigos do meio ambiente estão: os empresários que corrompem os políticos e o resultado a mídia mostra depois e tudo fica por isso mesmo. “Nem tico nem taco”.
*Jornalista e escritor