
Libertar-se da negatividade de pessoas sem luz também é prudente. CRÉDITOS: Freepik
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14-05-2024 às 09h37
Autora: Daniela Rodrigues Machado Vilela*
As narrativas que a vida coloca diante das pessoas, as impulsionam. Tentar escolher as palavras e ações com intenção, denota inteligência. A existência é a soma do que acontece, o que se interpreta e o destino que se dá a isto.
Companhias e escolhas assertivas são como alicerces robustos de uma casa. Libertar-se da negatividade de pessoas sem luz também é prudente.
É preciso paz para florescer bondade. Cultive generosidade no entorno e dentro de si, boas energias. Afinal, é indispensável plantar o bem.
Muitas circunstâncias escapam ao domínio humano, paciência. Volte o olhar para o que pode ser moldado e mudado. Aceitar o incontrolável é gesto de sabedoria. Não dá para se render a um desejo de controle. Olhar a realidade de frente, enfrentar os percalços e fazer boas escolhas é “conditio sine qua non.”
Habita o homem uma plêiade de desordem e, nem por isto, deve se permitir destruir a si e aos demais. Não obstante, é indispensável tentar ser tranquilidade viva, atuar com paz de espírito, não ignorar a dor, mas decidir, optar por como caminhar. Inevitavelmente, porém, viver dói.
Parar e observar o que chateia, ter controle sobre isto, não carregar peso desnecessário, livrar-se das bagagens e pessoas indesejáveis, são questões cruciais. Além disto, existem circunstâncias que não estão sob o próprio domínio de atuação.
Fluir com a vida, se olhar, dar-se atenção, para além, perceber as próprias dores e as dos demais. Elogios e críticas são passageiros, nem sempre é bom estar em evidência. O que fica, é o projeto que se constrói. Andar com firmeza, propósito e ter doçura no trato com os outros e consigo é importante e necessário.
Conseguir decidir diante da vida e suas circunstâncias, ter bons hábitos, cultivá-los com disciplina, conceder tempo para os acontecimentos e seus desdobramentos, são gestos de perspicácia. Talvez, nada esteja sob o controle dos homens, simples mortais e, sejam estes, marionetes de um teatro divino.
Não se deve perder tempo comparando a própria realidade com a de outrem: a grama do vizinho é tão verde que parece até plástico, enfim, talvez seja.
Resiliência na trajetória é fator a se considerar, já que tudo se perfaz de modo gradual. Não espere o tempo ideal, este não existe. A vida não se realiza no plano da idealização, da fantasia, mas no da condição de possibilidade.
Defina quem deseja se tornar. Siga em frente, tudo é gradual, não há saltos, vá com fé e caminhe com constância. Talvez, consiga alcançar parcela do que almeja.
O perfeccionismo é perigoso, o desejo de excelência constante é inatingível, mas não seja condescendente demais com as próprias falhas, pois isto inibe que afine a si próprio.
Tudo pode ser realizado de modo mais aperfeiçoado, feito de forma ainda melhor. O impecável é obra do divino. Já o humano, é errante e imperfeito, nem por isto deve haver desleixo, preguiça, comodismo e imobilismo.
Não se pode parar de caminhar, passos imperfeitos, ainda assim, aproximam-nos dos sonhos.
Errar e cair é oportunidade ímpar de aprendizado.
Valorize a própria marcha, passos, sonhos e caminhada. Só o próprio indivíduo pode fazer isto. Vida é incompletude, imperfeição, impermanência e um tocar adiante.
Tente estar no controle das próprias emoções e desejos. Perdoe-se e liberte-se das correntes. O passado é imutável, o presente uma dádiva a ser moldada, o futuro um desenho incerto que tem seu traço de construção no que se realiza cotidianamente.
Viva sem amarras e medos excessivos e não se culpe, tente se moldar de acordo com as próprias expectativas. Não busque preencher a métrica do outro, expectativas alheias não estão sob seu controle. Tenha compaixão com os próprios erros e dos demais. Busque o caminho do meio: nem se perdoe por tudo, tampouco, seja seu próprio carrasco.
Não objetive controlar o incontrolável, não gaste a própria energia em vão. O passado já foi. Só há possibilidade de escrever o futuro. Não repita queixas intermináveis, pois isto, trata-se de gasto vão de energia.
Saia da passividade e vá para a ação. Libere rancores. Solte-se do passado, estas correntes já não lhe pertencem mais, livre-se de seus demônios internos.
Use seus ferramentais de gentileza e perdão. Não seja algoz de si mesmo, permita-se paz interior. Seja autocrítico consigo, mas tenha autocompaixão. Tropeçou, chore se doer, mas levante-se logo após, pois todos tropeçam. Não se autoflagele, isto é inapropriado, volte o olhar para o que conquistou, valorize a própria caminhada. Sempre faltarão muitas coisas.
Pense com clareza, tenha fé, desejos, projetos e propósitos. A maior restrição é a própria e a que mais dói, não coloque amarras que sequer existem. Tente ser feliz, apesar de poucas coisas estarem sob seu domínio, aja com resiliência e foco. Quem sabe, algo não dê certo? Afine-se, melhore-se, não há respostas prontas, nem conto de fadas, tampouco, manual com regras a seguir. É fato, existe um caos diário. Enfim, a cada dia que passa experiências de viver se acumulam, use seus instrumentais a seu favor e desenhe uma boa história!
* Daniela Rodrigues Machado Vilela é doutora, mestra e especialista em Direito pela UFMG.
Residente Pós-doutoral pela UFMG / FAPEMIG. Professora convidada no PPGD-UFMG. Diletante na arte da pintura e da vida