
A Fundação Museu Mariano Procópio tem a missão de conservar, pesquisar e comunicar cerca de 70 mil objetos de diferentes. CRÉDITOS: Divulgação
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23-05-2025 às 09h10
Sérgio Augusto Vicente*
Nesse mês de maio, a Fundação Museu Mariano Procópio marcou presença, mais uma vez, na Semana Nacional de Museus, ofertando aos públicos uma programação atrativa e diversificada.
Nessa que foi a 23a. edição do evento, que teve como tema “O futuro dos museus em sociedades em rápida transformação”, a programação do museu juizforano compreendeu a mediação de uma visita noturna ao famoso Castelinho ou Villa, uma live com os palestrantes Dr. Daniel Maurício Viana de Souza e Dr. Sérgio Augusto Vicente, que falaram sobre as suas respectivas experiências com o uso das ferramentas digitais no contexto museológico. A fala de Daniel acerca do Museu Diários do Isolamento ensejou uma série de reflexões sobre os enormes avanços da Fundação Museu Mariano Procópio no que tange ao seu processo de inserção na cultura digital. A instituição se notabilizou pela ampla e diversificada produção de conteúdos e produtos culturais na internet a partir do advento da pandemia de Covid-19 – mais especificamente, entre os anos 2020 e 2022 -, período em que se manteve fechada à visitação pública. E, para encerrar a semana, o Museu ofertou um curso de capacitação aos estagiários, ministrado pela historiadora Dra. Rosane Carmanini Ferraz, que abordou o acervo fotográfico e os procedimentos técnicos nele adotados.
Também conhecida como a instituição museológica com o maior acervo imperial de Minas Gerais e o segundo do Brasil, a Fundação Museu Mariano Procópio tem a missão de conservar, pesquisar e comunicar cerca de 70 mil objetos de diferentes categorias e períodos históricos.
Um acervo eclético que vem sendo cada vez mais projetado nos âmbitos nacional e internacional, por meio de pesquisas vinculadas às mais diversas universidades.
A 23a. Semana Nacional de Museus aconteceu no ano em que a Fundação Museu Mariano Procópio completa dois anos de integral reabertura de suas portas aos públicos, com as exposições “Rememorar o Brasil: a Independência e a construção do Estado-Nação”, “Fios de Memória: a formação das coleções do Museu Mariano Procópio” e “Villa Ferreira Lage”. Três exposições inéditas, concebidas sob o olhar curatorial do corpo técnico da instituição, que imprimiu importantes reconfigurações nas narrativas expográficas, em consonância com os avanços empreendidos pela museologia social e pela historiografia nas últimas décadas.
Vale destacar, ainda, que essa edição da semana coincide com o momento em que a instituição passa por um processo de transição de gestão. A nova diretora, Ana Maria Werneck, que tomou posse no cargo em fevereiro de 2025, acompanhou de perto a organização do evento, mostrando-se atenta e articulada aos debates concernentes aos desafios dos museus na sociedade contemporânea.
A gerente do Departamento de Ações Culturais (DAC), a historiadora Juliana Garcia, que foi estagiária da instituição entre os anos 2010 e 2012, mobilizou a equipe e buscou parcerias com o Departamento de Acervo Técnico para o desenvolvimento das ações, que se mostraram bastante frutíferas e com efeitos multiplicadores.
Ações como essas impulsionam ainda mais a frequência de público, em uma instituição museológica que pode ser considerada a mais visitada no município de Juiz de Fora (MG), atraindo cidadãos e cidadãs de diferentes idades, escolaridades, classes sociais, gêneros, nacionalidades, etc.
Em uma sociedade marcada por rápidas transformações, é fundamental que os espaços museais cumpram a função de preservar memórias plurais, a partir do diálogo e da interlocução com múltiplas vozes e identidades. Ou, para não deixar de citar o poeta João Cabral de Melo Neto, que tem um de seus poemas plotado na última sala da exposição “Fios de Memória”, é preciso formar “tendas em que entrem todos”.
*Sérgio Augusto Vicente é Professor de História e Historiador. Doutor, Mestre, Bacharel e Licenciado em História pela UFJF. Colunista do jornal “Diário de Minas” e colaborador de outros periódicos. Membro correspondente da Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil (Mariana-MG). Trabalha na Fundação Museu Mariano Procópio (Juiz de Fora-MG).