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Minas Santa reflete a fé, a arte e a tradição de viver a Paixão de Jesus Cristo no Gólgota

Minas Santa reflete a fé, a arte e a tradição de viver a Paixão de Jesus Cristo no Gólgota

Tambores e terços são ícones que fazem parte da identidade visual dessa iniciativa desenvolvida pelo Iepha-MG, que visa à identificação, à proteção e à salvaguarda das práticas culturais em Minas.

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04-04-2023 - 08h:16

Sérgio Moreira*

Estamos iniciando a Semana Santa, em Minas Gerais acontecem várias celebrações pelo interior mineiro. “O tríduo litúrgico, presente na história ocidental, ou a Paixão de Cristo, desde seus primórdios, é representada nas artes plásticas, no teatro, na música e, sobretudo, nas manifestações da Cultura popular.

“A mostra ampla da cultura da fé desse período do ano se tornará o centro do projeto de turismo cultural da Semana Santa juntando-se à Praça da Liberdade, no tapete devocional, e nas manifestações culturais da fé deste período.

“No Brasil, fundante nessa manifestação da fé, a matriz Africana ofereceu, sobretudo ao barroco inicial, a forma híbrida na única escola barroca e negra do Brasil, patrimônio do mundo da Unesco, nas mãos de Aleijadinho.

Em alguns terreiros, a forma é transmutada na mistura de culturas e resistência. Em outra vertente, a arte gospel, sobretudo no teatro e na música, oferece releituras do evangelho. Essas culturas da fé, central na vida da mineiridade, desaguam no turismo da fé, que se revela no projeto Minas Santa”.

Com essas palavras, o secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, apresenta o projeto Minas Santa, iniciativa do Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, que conta com uma programação diversa em várias cidades e equipamentos culturais.

A arte barroca, os objetos sacros, além das procissões, compõem de maneira singular os ritos da Semana Santa, especialmente em cidades como Ouro Preto, Congonhas, Tiradentes, Sabará, São João del Rei e Diamantina, onde a arquitetura do período colonial oferece um cenário que ressalta toda essa tradição. Em comum união, amor ao próximo e respeito as religiões, foi montado, no dia 1º de abril, um tapete devocional de 240 metros de extensão, na Alameda Travessia da Praça da Liberdade, com os ícones do programa Afromineiridades.

Tambores, terços são ícones que fazem parte da identidade visual dessa iniciativa desenvolvida pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) que visa à identificação, à proteção e à salvaguarda das práticas culturais afro no Estado de Minas Gerais, por meio da execução de políticas públicas como o registro, o tombamento, o cadastramento de grupos e comunidade, a distribuição de recursos via programa ICMS Patrimônio Cultural, a publicação de editais. Também se realiza pelo Afromineiridades o cadastro intitulado “Espaços sagrados, territórios de axé e fé”, que tem o objetivo de identificar Terreiros e Casas de Matriz Afrorreligiosa em Minas Gerais visando ao reconhecimento e a proteção da dimensão cultural do povo de santo no contexto do estado. “A afromineiridade será representada nos tapetes que faremos. Embora são matrizes que possuem outras celebrações, teremos essa representação na festividade do Minas Santa”, define o secretário Leônidas Oliveira.

Programação

Foi realizada uma Oficina educativa de Tapetes Devocionais, promovida pela Fundação Clóvis Salgado Aconteceu no dia 1º de abril. O encontro às 9h, na Alameda Travessia, na Praça da Liberdade, com voluntários da Igreja da Boa Viagem, coordenados pela equipe Casa Câmara. Haverá arrecadação de alimentos para a campanha da fraternidade. “Tivemos um tapete onde nele há diálogo entre várias culturas, diversidade, respeito ao amor.

Um espaço democrático da arte que chama para o amor, aquilo que é comum entre os homens e não o que o nos separa. Na semana santa somos chamados para a via dolorosa de Cristo, a via dolorosa da humanidade. Se alguma religião é desrespeitada, fere o nosso princípio maior que é o amor ao próximo”, afirma o pároco da Igreja da Boa Viagem e Santuário Eucarístico, padre Marcelo Souza e Silva. 

No dia 2 de abril, Domingo de Ramos, foi realizada, às 8h, uma missa e benção dos ramos na Igreja da Boa Viagem. Às 8h30 ocorreu a Procissão de Ramos, com saída da Boa Viagem, acompanhada pela Banda de Música da Polícia Militar de MG. O itinerário seguiu pela Rua Aimorés, entrando no trecho em contramão da Avenida João Pinheiro até a Praça da Liberdade. Às 9h30, na Alameda Travessia, foi realizada a Missa Campal, em frente ao Palácio da Liberdade.

Nos dias 4 e 5 de abril, outra oficina de confecção de tapete devocional será promovida no Centro de Arte Popular (CAP) em ação conjunta com a Faop. A atividade será ministrada por Ana Célia Teixeira e Lara Brandão, que atuam na Faop e são responsáveis pela criação de desenhos que foram projetados nos tapetes de serragem ao longo dos anos.

A arte de fazer tapetes é uma expressão coletiva em que as serragens dão forma aos desenhos que expressam a fé, a esperança e a criatividade. Os desenhos podem ser feitos diretamente no chão, deixando a imaginação guiar, ou podem ser desenvolvidos anteriormente. Neste caso, os elementos gráficos são produzidos no papel, e em seguida, a ideia é transmitida para o chão.

A programação do Minas Santa conta com mais de 75 eventos em vários destinos, como Caxambu, Paraisópolis, Passa Quatro e Baependi.  A lista completa, incluindo imagens e informações de serviço, pode ser conferida no site minasgerais.com.br.

Em Belo Horizonte, a Secult, por meio da Fundação Clóvis Salgado (FCS), da Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop) e da Superintendência de Bibliotecas, Museus, Arquivo Público e Equipamentos Culturais (Sbmae), tem promovido uma programação diversa que propõe um diálogo entre as expressões culturais da Semana Santa encontradas nas cidades do interior e na capital do Estado.

Para o secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, o Minas Santa reconhece o potencial cultural, histórico e artístico das manifestações de fé, as quais podem se inserir no contexto do turismo cultural. “A fé também é cultura. Então, esse legado das tradições sejam elas materiais ou imateriais são atrativos importantes para consolidarmos Minas Gerais como destino cultural e turístico. O Minas Santa foi concebido especialmente para valorizar a Semana Santa de Minas Gerais, sobretudo, das cidades do interior, das igrejas barrocas e das praças, onde são encenados verdadeiros espetáculos da fé. Neles, nós encontramos o canto, o teatro e as artes visuais, de maneira análoga como observamos nas óperas”, comenta Leônidas Oliveira. 

Exposições: No último dia 30 de março foi realizada a abertura da exposição “Minas Santa, Ritos de Fé”, no Museu Mineiro. Na ocasião, também houve o lançamento da mostra virtual de mesmo nome que pode ser acessada no site da Secult: www.secult.mg.gov.br.

No mesmo dia, foi inaugurada a mostra “Sanctus”, no Palácio da Liberdade. Esta exibe, pela primeira vez, o acervo da Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, padroeira da capital mineira, e peças do Palácio da Liberdade. A curadoria é do designer e cenógrafo Rodrigo Câmara, em parceria com o padre Marcelo Souza e Silva, pároco da Boa Viagem.

A exposição “Minas Santa, Ritos de Fé” é fruto da parceria entre a Diretoria de Museus, a Diretoria do Arquivo Público Mineiro e a Diretoria de Livros, Leitura, Literatura e Bibliotecas – que compõem a Superintendência de Bibliotecas, Museus, Arquivo Público e Equipamentos Culturais (Sbmae). A Faop e a Arquidiocese de Belo Horizonte também são apoiadores desse projeto.

O tema trabalhado é a Paixão de Cristo, que trata dos episódios ligados aos últimos momentos de vida de Cristo, sua crucificação e posterior ressurreição. Referências à eucaristia também estarão presentes na mostra, através dos ostensórios, cálices, patenas e âmbulas da coleção da Arquidiocese de Belo Horizonte.

Entre as peças em exibição estão um missal, alfaias litúrgicas, livros de compromissos de irmandades religiosas, um oratório e uma escultura representando Cristo Crucificado. Além das peças, a exposição contará ainda com um grande tapete devocional, confeccionado em serragem por técnicos da Faop.

Outra mostra que integra a programação do Minas Santa é “Hélio Petrus, Contínuo Barroco”, em cartaz na Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard até 21 de maio de 2023. A exposição reúne 32 esculturas e talhas policromadas entalhadas em madeira. Em celebração aos 55 anos de carreira e aos 80 anos de vida do artista Hélio Petrus, o projeto expositivo reverencia o mestre e sua profunda dedicação à arte e à tradição barroca.

Mostras de filmes: Durante todo o mês de abril, a mostra “Minas Santa” estará em cartaz gratuitamente na plataforma de streaming pública e gratuita da EMCplay. O foco está no audiovisual mineiro, que aborda várias formas de fé e espiritualidade. Os filmes da Mostra Minas Santa, selecionados por uma curadoria da Diretoria de Audiovisual e Produtos Digitais da Empresa Mineira de Comunicação (EMC), foram realizados por cineastas mineiros e abordam várias manifestações de fé, espiritualidade e religiosidade.

Além de filmes, a programação conta com conteúdo exclusivo da TV Rede Minas, como episódios dos programas “Diverso”, “Bem Cultural” e o “Especial Aleijadinho - Gênio Da Arte Brasileira” que aborda o trabalho do artista e a relação com a religiosidade.

Já a “Mostra Épicos da Fé” começará no dia 7 de abril, no Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes. Ela reunirá clássicos do cinema mundial que interpretam a paixão de cristo em diversos estilos e obras icônicas do cinema mineiro que abordam diversas festividades locais de dimensão social, cultural, artístico-religiosa. Haverá também exibição online na plataforma CineHumbertoMauroMais.com.

Cobertura especial - EMC:O programa “Agenda” da Rede Minas, a partir da segunda-feira (3/4), divulgará programação de encenações e atrações culturais nas principais cidades do Estado (Mariana, Diamantina, São João del Rey, Tiradentes), além de reportagem sobre oficina de tapetes promovida pelo artista Rodrigo Câmara.

O “Brasil das Gerais”, na quarta (5/4), quinta (6/4) e sexta-feira (7/4), terá bancada com atrações relacionadas à páscoa. Na sexta-feira, especialistas discutirão o significado da páscoa. A cobertura de atrações e divulgação da programação das cidades mineiras também será realizada pelo Jornal Minas.

Biblioteca Pública Estadual: A Biblioteca Pública Estadual integrará o Minas Santa com o “Mês do Perdão”. Os leitores que pegaram livros emprestados antes da pandemia poderão devolvê-los sem multa até o dia 28 de abril de 2023. A campanha tem por objetivo a recomposição do acervo dos setores que realizam empréstimos, possibilitando que os livros que se encontram em atraso sejam disponibilizados aos demais frequentadores da Biblioteca.

Já no dia 7 de abril, haverá uma concentração para Via Sacra, às 17h30, na praça da Liberdade. Às 18h, inicia a Via Sacra rumo a Igreja da Boa Viagem.

Coral: No dia 8 de abril, às 10h, haverá a apresentação do Coral Gospel Orquestra Cristo Vive, de Nova Serrana, no Palácio da Liberdade, com a Presença dos Pastores Evangélicos de Minas Gerais.

As celebrações da Semana Santa estão sendo organizadas pelas prefeituras municipais, com as secretarias de Cultura e Turismo e as Paróquias religiosas.

Os hotéis e pousadas estão com excelentes reservas para o feriado da semana Santa, consulte seu agente de viagem.

Coluna Minas Turismo Gerais, Jornalista Sérgio Moreira @sergiomoreira63, informações para a coluna enviar para sergio51moreira@bol.com.br

 

Imagem da Galeria O Museu Mineiro também foi palco de atrações nesta Semana Santa de fé e arte
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