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Metrô de Belo Horizonte? Uai! Queremos sim, nos trilhos da sustentabilidade

Metrô de Belo Horizonte? Uai! Queremos sim, nos trilhos da sustentabilidade

Após 36 anos de sua inauguração, o ingresso da iniciativa privada permitirá a continuidade da expansão do metrô, tão aguardada pelos usuários desse serviço público.

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24-12-2022

08h:34

Enio Fonseca*

Pensar em mobilidade urbana mais sustentável é algo que tem sido muito discutido, em grandes conferências globais para redução do impacto das mudanças climáticas, inclusive na recente COP 27. 

Esse é o caso do metrô. Além de rápido por não precisar ficar parado em congestionamentos, com horário de funcionamento do metrô que pode ser feito durante todo o dia, o modal também é sustentável. Isso porque é movido a energia elétrica, limpa e renovável, e não por combustíveis fósseis, cuja queima emite gases causadores do efeito estufa e aquecimento global, principalmente o CO2 (gás carbono), diminuindo o congestionamento de veículos nas ruas, a perda de tempo, e o estresse das pessoas.

O Metrô de Belo Horizonte é um modal de transporte metro ferroviário em operação nos municípios de Belo Horizonte e Contagem, no Estado de Minas Gerais. Sua operação é de responsabilidade da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), através da Superintendência de Trens Urbanos de Belo Horizonte (STU/BH).

Possui atualmente uma linha entre Eldorado e Vilarinho, com 19 estações e 28,1 km de extensão, em superfície. Diariamente, cerca de 180 mil pessoas utilizam o Metrô de Belo Horizonte, sendo o sétimo maior sistema metro ferroviário brasileiro em movimento de passageiros.

Para se ter uma ideia comparativa, Xangai possui mais de 770 Km deste modal. Pequim, cerca de 700 km, Nova York, cerca de 400 km, Seul, cerca de 340 km, Madrid, cerca de 300 km.

Sua operação comercial fora iniciada em agosto de 1986, a partir de um projeto que previa a ligação, via trem metropolitano, entre os municípios de Belo Horizonte, Contagem e Betim, ao longo de dois ramais, Betim – Matadouro [nota 1] e Barreiro - Calafate. Inicialmente, apenas o trecho Eldorado - Lagoinha foi implantado. Posteriormente, mais trechos foram entregues, porém fora do cronograma previsto. Somente em 2002 as atuais 19 estações do sistema foram concluídas e apenas em 2005 a operação entre Eldorado e Vilarinho passou a ocorrer em caráter pleno. As obras da Linha 2, Barreiro - Calafate, chegaram a ser iniciadas em 1998, tendo sido paralisadas em 2004 e aguardam conclusão até a presente data [3]. O trecho entre Eldorado - Betim, por sua vez, tem sido postergado desde o início da implantação do projeto.

Conforme planejamento coordenado pelo Governo do Estado de Minas Gerais, com a participação do Governo Federal, foi definida como estratégia de interesse da população da Região Metropolitana a sua privatização o que aconteceu em leilão realizado na Bolsa de Valores de São Paulo nesta quinta-feira, 22 de dezembro de 2022, quando a empresa Comporte Participações S.A venceu com o lance único de R$ 25.755.111. O valor representa um ágio de 33,2%, já que o aporte mínimo era de R$ 19.324.304,67.

Trata-se de um leilão feito em conformidade com a legislação vigente, e aprovado pelos órgãos de controle do Governo Federal.

Após 36 anos de sua inauguração, o ingresso da iniciativa privada permitirá a continuidade da expansão do metrô, tão aguardada pelos usuários desse serviço público, o que trará dentre outros ganhos ambientais para todo o espaço territorial da Região Metropolitana e seus milhões de moradores. Investimentos em infraestrutura geram enorme impacto na geração de empregos. De forma direta, no planejamento e execução das obras, onde a engenharia de qualidade mineira será provedora de primeira linha. Os empregos indiretos serão ofertados por fornecedores, responsáveis pela entrega de insumos em larga escala.

Conforme posicionamento da Sociedade Mineira de Engenheiros - SME, análises preliminares apontam um potencial de geração de cerca de 10 mil empregos diretos e indiretos. A ampliação do metrô irá impactar na cadeia de empresas de engenharia consultiva, na indústria da construção e na ampla cadeia de fornecimento. Minas Gerais tem capacidade instalada para atender essa demanda de curto e médio prazos. Com profissionais formados e com aqueles que virão das 861 escolas e faculdades de Engenharia aqui instaladas, todas reconhecidas pelo MEC.

O avanço do metrô demonstra o acertado caminho trilhado pelo Governo do Estado, em parceria com o Governo Federal. Estão previstas 7 novas estações e 10,5 km de extensão com investimentos totais de R$ 3,7 bilhões e 30 anos de concessão. A União vai investir R$ 2,8 bilhões. O Estado de Minas Gerais irá aportar R$ 440 milhões, provenientes do acordo firmado com a Vale à reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem em Brumadinho.

Outros R$$ 460 milhões virão da empresa vencedora, que deve iniciar os investimentos no primeiro semestre de 2023.

Causou surpresa o pedido do vice-presidente eleito, o paulista Geraldo Alckmin, de pedir a suspensão do leilão, ignorando o desejo do povo mineiro, pedido este ignorado pelo atual Governo Federal. Penso ter sido uma decisão correta.

*Enio Fonseca é consultor ambiental; foi Conselheiro do Copam e superintendente do Ibama em Minas.

Imagem da Galeria O metrô de BH ao ser privatizado deve oferecer mais condições boas para os usuários
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