É o que comprova uma pesquisa feita pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), nos municípios que foram de alguma forma atingidos pelo rompimento da barragem de Brumadinho
16-12-2024 às 09h58
Direto da Redação
Os diretores da Vale S.A. absolvidos pela Justiça no caso que ganhou repercussão nacional e internacional do rompimento de barragens, talvez eles ainda não saibam, mas um estudo recente feito pela Universidade de Ouro Preto (Ufop) encontrou metais tóxicos nos ares das cidades que sofreram com o desastre.
Foram pesquisados e analisados os ares dos municípios de Betim, Mário Campos, Juatuba, São Joaquim de Bicas, Igarapé e Mateus Leme, além de Brumadinho.
A pesquisa é da Aedas, Assessoria Técnica Independente (ATI),
que atende as comunidades atingidas pelo rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho. Nesses municípios impactados, a pesquisa revelou a presença de metais tóxicos no ar nesses municípios impactados.
Foram encontrados nesses municípios elevados níveis de arsênio, cádmio, cromo, manganês, mercúrio e níquel, considerados além dos valores estabelecidos como referência internacionais.
Foram coletadas 28 amostras na região de estudo, o manganês apresentou inconformidade em 26 das amostras, correspondendo a 93% das coletas acima do valor de referência estabelecido.
Com 11 amostras, o mercúrio registrou inconformidade em 11 amostras, ou seja, 39% das coletas. O arsênio, em 10 amostras, apresentou em 36% das coletas além do valor referencial.
Percentual de 36% foi registrado no cromo, com 10 amostras com inconformidades. No caso de cádmio inconformidades foram registradas em nove amostras, ou 32% das coletas. O mesmo aconteceu com o níquel.
Mariana Vieira, técnica da Aedas disse que o estudo significa “uma fotografia” do período analisado e sugere monitoramento contínuo. Segundo ela, o Brasil precisa de uma regulamentação ambiental específica relacionada com os limites máximos aceitáveis de concentração de metais no ar. O uso de parâmetros internacionais torna-se imprescindíveis.
Ela deixou claro que a presença de metais nos ares não que dizer que provoca intoxicação, mas é um alerta de que as pessoas da região estão expostas a essas substâncias.
“Para além do potencial risco à saúde, esses metais podem ser transportados pela atmosfera e se acumularem no solo e nas águas superficiais por meio das chuvas ou deposição seca. No solo, os metais podem escoar para os rios ou serem absorvidos pelas plantas, o que compromete a saúde de quem ingere”, acentuou.
A avaliação dos técnicos reforça que os resultados são fundamentais para identificar os impactos persistentes e subsidiar ações de mitigação e políticas públicas.