É preciso dar tempo ao tempo para as pessoas irem se acostumando com esse novo mercado, que, na verdade, está adentrando em um processo denominado de “gentrificação”, a mesma coisa de “elitização urbana”.
O Mercado Central de Belo Horizonte já não é mais o mesmo. Se o leitor mora na capital e há muito tempo não vai ao Mercado Central, ou é de fora e visita o espaço, vai corroborar a afirmativa deste parágrafo – o Mercado Central já não é mais o mesmo.
Se isso é bom ou ruim, só o tempo irá responder, mas quem adentra o portal daquela área importante vai logo perceber, o mercado já não é mais só de hortifrutigranjeiros com aquelas bancas bem formadas e coloridas, com um cheiro característico. Aos poucos, como para os frequentadores irem se acostumado com as feições novas do mercado, outro tipo de comércio se foi introduzindo como a conta gotas, até culminar no “Mercado Central KTO”.
No primeiro momento, é capaz de o leitor reagir com a mudança de nome muito mineiramente: “Uai! Como assim? Mudar de nome?” Sim, foi por livre e não espontânea decisão de negociações com a casa de apostas cuja marca é esta – KTO – e esta passa a investir no antigo e tradicional Mercado Central, que, para o mundo, se acha em terceiro lugar, mas para os belo-horizontinos é o primeiro – ou pelo menos era.
É preciso dar tempo ao tempo para as pessoas irem se acostumando com esse novo mercado, que, na verdade, está adentrando em um processo que é novo e denominado de “gentrificação”, a mesma coisa de “elitização urbana”.
Se lá no início de tudo, o panorama ao redor do mercado criado em 7 de setembro de 1929 pelo então prefeito Cristiano Machado era de carroças, cavalos e burros, com o tempo – o tempo é o senhor de tudo – o cenário se foi mudando até chegar aos nossos dias. E agora, entra nessa tal “gentrificação urbana”, que é um processo “socioespacial marcado pela valorização de uma área urbana”.
Os entendidos afirmam que “o processo de gentrificação ocorre devido ao aumento do custo de vida em zonas que passaram por uma valorização socioespacial”. É claro que do lado de fora do mercado as ruas continuam as mesmas com as suas carências, com pedintes do lado de fora, o que demonstra o que o capitalismo pode fazer.
No caso presente, o importante é o que acontece lá dentro do mercado. E o que parece estar a caminho de acontecer segundo conversas de pessoas que frequentam o espaço, é o aumento de preços. E olhe que os preços lá sempre foram mais altos do que nos sacolões ou nas feiras de rua.
Se quem está investindo no mercado é uma casa de apostas, se pode dizer que a KTO está apostando no espaço e daqui a pouco outras mudanças irão acontecer, com os hortifrutigranjeiros perdendo terreno, porque já não rendem o que se esperava deles.
Não se sabe se este foi o início da “gentrificação”, mas a abertura de restaurantes de alta qualidade no mercado, onde se pode apreciar a culinária mineira e brasileira, o que a cada dia aumenta mais a frequência. Por enquanto esse é o lado bom da “gentrificação”, inda mais considerando o ponto central do mercado