Um grande marimbondo preto, do tipo comoatim, nome científico Polybiados scutellaris, se debatia na janela de vidro da sala.
Bento Batista*
Um grande marimbondo preto, do tipo comoatim, nome científico Polybiados scutellaris, se debatia na janela de vidro da sala. De lá da cozinha pude ver a luta dele para sair da situação.
Era um marimbondo com a bundinha rechonchuda e um “ferrãozinho” daqueles. Era preciso ter tato para não levar uma ferroada, querendo ajudar o inseto a sair daquela situação.
A janela é de duas bandas e eu empurrei uma parte para a esquerda, achando que o marimbondo ia assim conseguir se safar, mas foi o contrário. Ele ficou mais preso ainda.
Eu podia deixar o inseto se debater ali para pegar o celular a fim de sacar uma foto. Confesso, nem me lembrei disso, portanto, o leitor acredita nas minhas palavras.
Puxei a outra banda da janela e não deu certo. O coitado do marimbondo parecia ainda mais aflito e se eu desse uma bobeada, sei não, o ferrão iria doer no osso.
Peguei um pano de prato, para o caso de ele ao invés de ganhar a liberdade pudesse entrar para a sala e fui movimentar as partes da janela e eis que o marimbondo conseguiu se desvencilhar e se agarrou na cortina.
A situação ficou ainda mais complicada porque ele acabou se escondendo entre uma dobra da cortina e eu, claro, fiquei temeroso de levar uma ferroada.
Quando consegui que ele saísse da dobra da cortina dei uma sacudida nela e o marimbondo caiu no parapeito da janela meio atordoado, mas de repente, magistralmente, ele se recuperou do tombo e voou livre.
Acompanhei o voo do marimbondo até ele sumir das vistas.
Ele se foi e em mim ficou a sensação de alegria por ter auxiliado o inseto a sair da situação em que se meteu.
*Jornalista e escritor