
Fragmentos da história do Caça T6 da segunda guerra mundial pelas minas gerais - créditos: Freepik
Getting your Trinity Audio player ready...
|
Primeiro Grupo de Caça da FAB que combateu na Itália
Alexandre Gleyre (*)
Segunda Guerra, década de 40, o jornalista Assis Chateaubriand detona uma campanha para que cada município brasileiro doasse um avião para a Força Aérea Brasileira.
Era prefeito de Malacacheta, José Abrantes, pai de Pedro Abrantes, avô de Tina Abrantes, uma das mulheres mais bonitas do Mucuri, de todo o Mucuri.
Com a mobilização de todos os municípios e ampla cobertura da imprensa nacional, todas as cidades empenhadas na “guerra cívica e patriótica”, sob o comando dos Diários e Emissoras Associadas, o prefeito José Abrantes convoca cidadãos ilustres de Malacacheta para ajudá-lo na aquisição da aeronave.
Na reunião decisiva, José Abrantes explica o porquê de atender ao apelo para a compra de um monomotor.
– Vamos mostrar ao mundo o poder da nossa força aérea. Combater os alemães nos céus da Europa. Vamos bombardear cidades alemãs e acabar com a guerra. Malacacheta entraria na guerra como uma potência aérea. O avião se chamaria Malacacheta com o nome da cidade impresso na fuselagem. Era Malacacheta nos céus da Europa, bombardeando as tropas inimigas, cumprindo o seu dever.
Um cidadão aparteou. Quis saber se não seria perigoso mandar um avião com o nome da cidade impresso.
– E se os alemães descobrissem que o avião era da cidade de Malacacheta e, em represália, mandasse outro avião, deles, alemães, bombardear a nossa cidade?
Concluiu no silêncio geral:
– Nossa cidade é pequenininha e uma só bomba acabaria com ela.
O fiscal do governo, chefe da Coletoria, sempre calado, um gordo, observou, quase gemendo, voz rouca e truncada:
– Não tem perigo. Nenhum perigo. Não corremos este risco. Os alemães não virão. Caso viessem, ao sobrevoar a cidade, iriam embora. De cima, eles se certificariam de que Malacacheta já havia sido bombardeada. Nossa cidade é uma cidade toda esburacada. Já bombardeada por nós mesmos.
(*) Alexandre Gleyre é jornalista