Lula e Trump se reunem na Malásia - créditos: Agência Brasil
26-10-2025 às 15h25
Samuel Arruda*
Kuala Lumpur (Malásia), 26 de outubro de 2025 — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tiveram neste domingo seu primeiro encontro presencial oficial, à margem da 47ª Cúpula da ASEAN, em Kuala Lumpur. A reunião, que durou cerca de 50 minutos, marcou uma tentativa de reaproximação entre os dois países após meses de tensão comercial provocada pelo aumento de tarifas americanas sobre produtos brasileiros.
Durante o encontro, Trump afirmou acreditar que os dois países “chegarão a um bom entendimento” sobre a questão das tarifas impostas a exportações do Brasil.
“Acho que conseguiremos fechar alguns bons acordos, como temos conversado, e acredito que acabaremos tendo um ótimo relacionamento”, declarou o presidente norte-americano, em tom conciliador.
Lula descreveu a conversa como “franca e produtiva” e destacou que ambos concordaram em retomar imediatamente as negociações bilaterais para reduzir barreiras e restaurar o fluxo comercial. Segundo o presidente brasileiro, a prioridade será aliviar as tarifas impostas por Washington desde agosto, que chegaram a atingir 50% sobre produtos como carne bovina, café e aço.
Trump reconheceu que as discussões “ainda vão durar um tempo”, mas demonstrou confiança no avanço do diálogo.
“Vamos discutir isso por um tempo. Nós nos conhecemos. Sabemos o que cada um quer”, afirmou o republicano, indicando disposição para ajustes graduais nas tarifas e novos acordos setoriais.
O encontro ocorre em um momento em que o Brasil busca diversificar parceiros comerciais e reduzir dependência de mercados asiáticos. Para os EUA, o Brasil continua sendo um fornecedor estratégico de alimentos e matérias-primas, e uma ponte de influência na América do Sul.
Fontes do Itamaraty afirmaram que as delegações de ambos os países devem iniciar “de imediato” uma nova rodada de tratativas técnicas, com o objetivo de apresentar um plano conjunto até o fim de novembro. Entre os temas prioritários estão acordos agrícolas, facilitação de investimentos e cooperação energética.
Apesar do tom otimista, diplomatas dos dois lados reconhecem que a remoção total das tarifas ainda levará tempo, especialmente porque parte delas foi aprovada por ordens executivas de Trump que exigem trâmites legais para reversão.
A reunião em Kuala Lumpur foi vista por analistas internacionais como um gesto simbólico de distensão, sugerindo que Trump busca melhorar laços com parceiros latino-americanos em meio às tensões comerciais com a China e à corrida global por cadeias de suprimentos mais estáveis.
*Samuel Arruda é jornalista e articulista

