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25-09-2025 às 09h35
Sérgio Moreira*
Mais um grande passo para a volta dos esportes náuticos na Lagoa da Pampulha foi anunciado pelo governo de Minas Gerais no dia 24 de setembro, com o investimento de R$ 23 milhões para ações de despoluição da Lagoa da Pampulha e revitalização da avenida Otacílio Negrão de Lima.
O investimento feito por meio da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) prevê a implantação de redes de água e esgoto, além de revitalização de duas estações de bombeamento de água, usadas para o tratamento da água.
Serão criadas 740 novas ligações de esgoto em Belo Horizonte e Contagem (sendo 270 na comunidade Guarani Kaiowá), travessias e 11.240 metros de redes coletoras, sendo 10.306 metros em Contagem e 934 metros em Belo Horizonte.
“São mais de R$ 20 milhões que estão sendo anunciados hoje. Essa verba é para a construção de 12 km de rede de captação de esgoto, sendo 1 km em BH e mais de 11 km em Contagem”, afirmou o vice-governador Mateus Simões.
Com a melhora progressiva da água, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) estuda liberar atividades recreativas na Pampulha. Um grupo de trabalho multidisciplinar foi criado, sob coordenação da Fundação Municipal de Cultura (FMC), para elaborar um decreto que irá regulamentar possíveis atividades, como navegação e esportes aquáticos.
A ideia é que o decreto com as regras para uso da lagoa seja publicado ainda em 2025. No entanto, a liberação de atividades como passeios de barco dependerá das demandas que surgirem após a regulamentação.
De acordo com a diretora de Manutenção de Bacias da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smobi), Ana Paula Fernandes, a melhora gradual é resultado de medidas como a retirada diária de resíduos flutuantes (de 5 a 10 toneladas), biorremediação da água para controle da matéria orgânica e desassoreamento do fundo da lagoa.
“O resultado é fruto de um trabalho contínuo. É um processo lento e progressivo, mas os dados que a Prefeitura e a Copasa monitoram mostram compatibilidade nos resultados e indicam que estamos no caminho certo”, explica a diretora.
Um dos pontos críticos ainda é o lançamento de esgoto in natura na bacia hidrográfica da Pampulha. A Copasa, que firmou um plano de ação judicial homologado em 2023, assumiu a responsabilidade de universalizar o esgotamento sanitário na região em até cinco anos. Ou seja, a previsão é que 100% dos imóveis da bacia estejam conectados à rede até 2028.
“A expectativa é que, com o atendimento de 100% da coleta, a gente consiga padrões ótimos em toda a lagoa”, afirma Ana Paula Fernandes.
O avanço na despoluição da lagoa fez com que o prefeito de BH, Álvaro Damião , anunciasse a intenção de liberar passeios de barco e esportes aquáticos na represa até o fim deste ano. No entanto, o grupo de trabalho formado pelas secretarias de Obras, Meio Ambiente, Esportes, Turismo e Segurança precisa definir regras.
Segundo a gerente do Conjunto Moderno da Pampulha, Janaina França Costa, a ideia é integrar o lago ao patrimônio cultural da região. “É muito bonito ter essa oportunidade de ver os equipamentos do conjunto moderno a partir do lago. O espelho d’água é um elemento articulador, extremamente importante para a paisagem cultural reconhecida pela Unesco”, destacou.
A Lagoa da Pampulha teve a navegação proibida ainda na década de 1960, justamente devido à poluição. Desde então, apenas usos pontuais foram tentados, mas sem continuidade. A despoluição da lagoa não é apenas uma questão ambiental: representa também um potencial econômico e cultural para Belo Horizonte.
A expectativa, de acordo com França, é que o retorno de embarcações represente uma transformação para o turismo da Capital. “O grupo está extremamente comprometido em fazer isso de forma responsável. Temos certeza de que será uma experiência maravilhosa para os cidadãos e visitantes”, ressalta.
O retorno dos esportes e turismo promete ampliar a atratividade do Conjunto Moderno da Pampulha, Patrimônio Mundial da Unesco, impulsionar a economia criativa da região e oferecer à população uma nova forma de se reconectar com um dos maiores símbolos da cidade.
Coluna Minas Turismo Gerais
Jornalista Sérgio Moreira
@sergiomoreira63
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